Cartum, 25 out (EFE).- O general Abdelfatah al Burhan, líder do órgão máximo de poder dentro do processo de transição do Sudão, dissolveu nesta segunda-feira o conselho de ministros e o próprio Conselho Soberano, depois que militares prenderam o primeiro-ministro do país, Abdalla Hamdok.
A decisão foi anunciada por Al Burhan, através de um comunicado que o general leu durante transmissão na emissora de televisão estatal sudanesa. O general, além disso, decretou estado de emergência em todo o território.
“Afirmamos que as Forças Armadas continuam pelo caminho da transição democrática, até a entrega da liderança do país para um governo civil eleito que alcance os desejos do povo sudanês”, afirmou o líder do Conselho Soberano.
Além disso, Al Burhan prometeu que seguirão sendo buscados os objetivos estabelecidos no documento constitucional vigente no país, que fixa a data de realização das eleições para a escolha do novo governo nacional.
“Trabalhamos todos, a partir de hoje até as eleições gerais de julho de 2023”, garantiu o general.
De acordo com o líder do Conselho Soberano, até que o pleito aconteça, um “governo de figuras nacionais independentes, com uma representação justa de todos os sudaneses”, assumirá o poder.
Al Burhan justificou os fatos das últimas horas pelo “conflito e divisão” que existe entre os componentes dos órgãos do Executivo de transição, que, segundo ele “representavam um perigo iminente, que ameaçava a segurança da pátria”.
Por causa disso, afirmou que era necessário “corrigir a trajetória da revolução”.
As tensões no Sudão, entre civis e militares, vinham ocorrendo há um mês, diante de uma tentativa golpista, que fez Hamdok pedir a reforma dos “órgãos militares e de segurança”, o que gerou revolta entre os integrantes das Forças Armadas.
Em comunicado emitido pelo gabinete do primeiro-ministro afirma que o líder do governo e a mulher dele foram presos e estão em local “desconhecido”.
A nota ainda responsabiliza os militares pela situação do premiê e dos familiares dele, assim como pelas eventuais consequências do golpe de Estado.
“Os líderes militares do Estado sudanês têm plena responsabilidade pela vida e segurança do primeiro-ministro, Abdalla Hamdok, e de sua família. Estes líderes têm responsabilidade pelas consequências penais, legais e políticas das decisões unilaterais que tomaram”, diz o texto. EFE