Diante de uma crise no mercado de tâmaras, devido à escassez de recursos e crise de irrigação no Iraque, o camponês Ismail Ibrahim foi forçado a voltar-se a arbustos nativos (sidr) que requerem muito menos água, reportou a agência de notícias Reuters.
O Iraque é parte do chamado Crescente Fértil, terra arável que vai do Mar Mediterrâneo ao Golfo, cultivada há milhares de anos. A região, no entanto, é afetada pelas mudanças climáticas e pelo represamento dos dois principais rios, Tigre e Eufrates, além de décadas de conflitos armados, causando perdas consideráveis à subsistência dos camponeses locais.
Ibrahim explica que os arbustos de médio porte conhecidos como sidr consomem pouquíssima água, ao puxar recursos de debaixo do solo, dos lençois freáticos de água salgada. Os sidr produzem frutos a partir de seu segundo ano — tamareiras levam cinco anos.
“Me voltei ao sidr porque o retorno financeiro hoje é melhor que das palmeiras”, comentou Ibrahim. “Mesmo que você o irrigue com água salgada, o fruto será o mesmo e, quem sabe, até um pouco melhor”.
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Além disso, palmeiras são menos duráveis: “Se você lhes der água salgada, o gosto não será doce e vai crescer menos, talvez até morrer. Aqui nas terras arenosas, o sidr virou número um”.
O Iraque tenta superar anos de conflitos, desde a invasão ao Kuwait comandada pelo então ditador Saddam Hussein, em 1990, à ocupação ilegal dos Estados Unidos em solo iraquiano, que o destitui com violência para dar lugar a combatentes do grupo terrorista Daesh (Estado Islâmico), que capturou grande parte do país e deixou a economia em frangalhos.
Para os camponeses, a seca persistente é a mais recente em uma série de golpes.
Após anos de investimento em sua plantação de tâmaras, Abbas Ali busca fazer as pazes com a realidade sombria de que seus frutos caíram vítima da altíssima salinidade da água. “A contaminação do solo levou camponeses a abandonar as palmeiras”, reafirmou.
Publicado originalmente no MEMO