A eleição presidencial antecipada no Equador transcorre sem incidentes graves até o momento, apesar da onda de violência sem precedentes que acomete o país. Cercada de expectativa, a votação conta com um efetivo de segurança formado por mais de 90 mil agentes da Polícia Nacional e das Forças Armadas.
Antes do primeiro turno, o candidato Fernando Villavicencio foi assassinado pelo crime organizado.
Os dois candidatos que disputam o segundo turno, Luisa González e Daniel Noboa, votaram trajando colete à prova de balas e cercados por forte aparato de segurança. O ministro do Interior, Juan Zapata, pediu aos cidadãos que fossem às urnas e confiassem no esquema de segurança montado pelo governo.
A presidenta do Conselho Nacional Eleitoral, Diana Atamaint, informou que, até as 13h (15h de Brasília), 43% dos eleitores haviam votado. As urnas serão fechadas às 17h (19h de Brasília) e os primeiros resultados devem ser divulgados por volta de 18h30 (20h30 de Brasília).
Apesar do quadro geral de tranquilidade, Atamaint mencionou que houve uma denúncia de irregularidade na província de Sucumbios (nordeste do país), onde um vídeo que circulou em redes sociais mostrava marcação de cédulas de votação em favor de uma candidatura. Ela afirmou ter pedido às autoridades competentes que investiguem o caso.
Luisa González, aliada do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), deu o seguinte depoimento ao depositar seu voto na urna: “Minha intuição é que o Equador triunfe, ou seja, que a Revolução Cidadã vença”. O objetivo dela é retomar a plataforma de governo progressista implementada pela coalizão Revolução Cidadã, trazendo de volta o Estado para o centro das decisões para lidar com os principais problemas do país. Se eleita, será a primeira mulher a governar o Equador.
Daniel Noboa, da Ação Democrática Nacional, propõe administrar o país com a participação do setor privado, dentro da perspectiva de uma gestão mais liberal. Se eleito, será o presidente mais jovem da história do país.
Apesar das visões opostas para o país, os dois candidatos têm uma prioridade em comum: combater a violência que sufoca a população. Nos seis anos transcorridos desde que a Revolução Cidadã deixou o poder, a estrutura do Estado foi reduzida, o que deixou boa parte da população sem médicos, remédios, hospitais, empregos, aposentadorias e segurança. O Equador se converteu num narcoestado e os níveis de criminalidade e violência foram multiplicados por cinco.
O atual presidente do país, Guillermo Lasso, afirmou esperar que este seja um “dia cívico de paz e tranquilidade”. Foi Lasso quem provocou essa eleição antecipada ao decretar a chamada “morte cruzada”, no contexto de uma disputa ferrenha com o Legislativo, que pretendia tirá-lo do cargo sob acusação de corrupção.
A pessoa que for eleita terá mandato até maio de 2025, data na qual originalmente se encerraria o governo de Lasso.