A violência no Equador se agravou nas últimas semanas, após a fuga de Adolfo Macías Villamar, conhecido como “Fito”, líder do grupo criminoso Los Choneros. Em resposta, o presidente Daniel Noboa declarou estado de conflito armado interno e ordenou às forças militares a neutralização dos grupos criminosos.
O que você precisa saber:
- A fuga de “Fito” provocou rebeliões em vários presídios do país, com agentes penitenciários sendo feitos reféns.
- O governo declarou estado de exceção e toque de recolher, mas a violência continua.
- Os sindicatos criticam as medidas do governo, dizendo que são semelhantes às do governo anterior e não obtiveram resultados.
- A mídia também foi alvo de ataques, com o estúdio da emissora de televisão TC sendo invadido por um grupo de homens.
A fuga de “Fito” da prisão no último domingo (7) provocou uma onda de violência no Equador. Em vários presídios do país, rebeliões foram registradas, com agentes penitenciários sendo feitos reféns. Em resposta, o presidente Daniel Noboa decretou estado de exceção e toque de recolher, que vale por 60 dias e permite que as Forças Armadas auxiliem o trabalho da polícia nas ruas do país.
Desde então, vários incidentes, como explosões e sequestros de policiais, foram registrados em diferentes localidades do país. Na cidade de Cuenca (sul), um veículo sem placa foi abandonado, incendiado e completamente incinerado. Em Machala (sudoeste), cerca de oito indivíduos com os rostos cobertos por balaclavas, portando armas curtas e longas, invadiram a Unidade de Polícia Comunitária (UPC) e dominaram três policiais. Na capital Quito, criminosos num veículo sem identificação também sequestraram um oficial numa unidade da polícia.
O estúdio da emissora de televisão TC, em Guaiaquil, cidade mais populosa do país, foi invadido na tarde desta terça-feira (9) por um grupo de homens durante uma transmissão ao vivo. Funcionários dispararam mensagens pelas redes sociais para pedir ajuda à polícia. “Ajudem-nos, querem nos matar”, escreveu um deles no WhatsApp.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram pessoas rendidas deitadas no chão enquanto outras são ameaçadas com armas na cabeça e objetos que se parecem com granadas e dinamites. Segundo a transmissão do canal Telesur, foi possível ouvir o som de uma explosão. No final da tarde, a polícia já havia chegado ao local. Os invasores prometiam fazer um pronunciamento.
“Fito” costumava viver em uma cela luxuosa, e isso veio a público em agosto de 2023, quando Guillermo Lasso ordenou sua transferência do Centro de Reabilitação Social Guayas nº 4, também conhecido como presídio Regional, para La Roca, considerada de segurança máxima.
Na Regional, sua cela tinha banheiro privado, chuveiro com água quente, geladeira, cama de três lugares e armário embutido, além de televisão, ar-condicionado e garrafas de champanhe avaliadas em 500 dólares cada uma. A situação foi divulgada em vídeos e fotos que se tornaram virais.
No entanto, sua estadia na prisão La Roca foi curta, pois uma decisão judicial determinou seu retorno para a Regional por questões de segurança. Desde então, permanecia lá, até que no domingo surgiu o alerta sobre seu desaparecimento. O Ministério Público abriu investigação sobre a suposta evasão.
O secretário de Comunicação do Governo, Roberto Izurieta, reconheceu que a fuga de “Fito” pode ter sido motivada por vazamento de informações sobre planos do governo. Dias atrás, em uma entrevista, o presidente Noboa declarou: “Temos um plano bonito, mas não conte isso para o Fito…”, algo que especialistas em segurança consideram um erro.