Berlim, 8 set (EFE).- Um ex-guarda do campo de concentração nazista de Sachsenhausen, um homem centenário que é julgado por cumplicidade no assassinato de 3.518 prisioneiros, se declarou inocente das acusações recebidas.
“Não fiz absolutamente nada, sou inocente”, declarou o acusado, Josef S., na segunda vista do processo aberto na quinta-feira na cidade alemã de Brandenburg an der Havel.
Ele é acusado cumplicidade na morte de 3.518 prisioneiros, o que ocorreu enquanto servia no campo entre 1942 e 1945. Segundo a acusação, Josef S. participou “consciente e voluntariamente” desses assassinatos.
O julgamento foi aberto sob severas restrições devido à idade do aacusado. As audiências não podem durar mais de duas horas e meia cada e são realizadas em um pavilhão esportivo construído perto do seu local de residência.
Estão previstas mais vinte audiências, realizadas semanalmente até janeiro. O réu é acusado de cumplicidade no tiroteio dos prisioneiros de guerra soviéticos, assim como no assassinato em câmaras de gás de outros prisioneiros no antigo campo de concentração nazista ou no enfraquecimento e nas doenças dos reclusos.
Cerca de 200 mil prisioneiros foram reclusos no campo de concentração de Sachsenhausen, dos quais cerca de 20 mil foram assassinados.
O processo faz parte dos chamados julgamentos tardios por cumplicidade nos crimes nazistas. Esta série de casos foi aberta após a sentença de 2011 do ucraniano John Demjanjuk, que foi condenado a cinco anos por cumplicidade nas mortes no campo de Sobibor, na Polônia ocupada.
Foi um julgamento complexo, contra o qual o acusado – que vivia exilado nos Estados Unidos – esgotou todos os recursos legais para tentar impedir a sua extradição.
Demjanjuk assistiu ao seu julgamento em uma maca, nunca chegou a se pronunciar sobre as acusações contra ele e morreu alguns meses após a sua sentença em um asilo de idosos.
Mas essa sentença estabeleceu um precedente. Outros julgamentos ocorreram em condições semelhantes, dificultados por interrupções e alegações de saúde precária do acusado.
Para os representantes da acusação privada e grupos de vítimas, o objetivo destes julgamentos não é sujeitar os idosos à tortura de um julgamento, mas sim defender o princípio fundamental de que os crimes nazistas não prescrevem. EFE
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