Buenos Aires, 27 out (EFE).- O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse nesta quarta-feira que a alta inflação no país não tem nada a ver com problemas de política monetária, mas com “especulação” de empresários “patifes”, particularmente do setor alimentício.
“Preocupo-me com a inflação tanto ou mais do que vocês”, disse Fernández em um grande comício com militantes governistas no estádio do Club Deportivo Morón, na Grande Buenos Aires.
No evento, que homenageou o ex-presidente Néstor Kirchner, cuja morte completou 11 anos nesta quarta-feira, Fernández afirmou que “a inflação não tem outra explicação a não ser a especulação de um grupo de patifes que querem aproveitar o momento para obter lucros em detrimento dos argentinos”.
“Não se trata de um problema de emissão monetária. A base monetária está crescendo muito menos do que a inflação”, alegou.
O problema, segundo ele, “é a concentração da produção de alimentos, a fixação de preços nas mãos de poucos operadores, e diante disso temos que ser firmes, fazer frente aos poderosos e dizer-lhes que isso não pode continuar”.
Fernández defendeu a medida adotada em 19 de outubro pela Secretaria de Comércio Interior, que exige que os preços de 1.500 produtos de consumo em massa, principalmente alimentos, sejam congelados até 7 de janeiro, uma resolução questionada pelos setores empresariais.
De acordo com os últimos dados oficiais disponíveis, para alimentos e bebidas como um todo, foi registrado um aumento interanual de preços de 53,4% em setembro, e desde o início de 2021 a alta foi de 36,6%.
Segundo o governo, nas duas primeiras semanas de outubro houve uma aceleração dos preços de alimentos e produtos de limpeza e higiene pessoal, que subiram de 8% a 25%.
Alberto Fernández assinalou que “não é justo que os preços dos alimentos básicos cresçam da maneira como estão crescendo, quando a renda daqueles que trabalham não cresce da mesma maneira”.
“Não hesitamos: entre aqueles que especulam às custas da fome dos argentinos e os argentinos que têm fome, estamos do lado dos argentinos que têm fome”, afirmou. EFE