FHC e outros ex-presidentes latinos pedem isolamento do regime da Nicarágua

Diário Carioca

San José, 8 nov (EFE).- Fernando Henrique Cardoso, outros três ex-presidentes de países da América Latina e o Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA) defenderam nesta segunda-feira, em declaração conjunta, o isolamento do regime da Nicarágua, após a vitória de Daniel Ortega no pleito realizado ontem.

O texto, também assinado por Laura Chinchilla, antiga chefe de governo da Costa Rica; Ricardo Lagos, do Chile; e Juan Manuel Santos, da Colômbia, também é solicitada a suspensão da Nicarágua da Organização dos Estados Americanos (OEA).

No texto, o grupo pede que Estados Unidos, Canadá, União Europeia e países da América Latina denunciem “com firmeza o caráter antidemocrático do ato eleitoral e convoca que não seja feito o reconhecimento do resultado das eleições deste domingo”.

Os signatários pedem que seja “aprofundado o isolamento internacional do regime, incluindo a suspensão da Nicarágua da OEA, a partir da aplicação do artigo 21 da Carta Democrática Interamericana”.

A declaração convoca todos os governos da região para que “assumam a gravidade dos fatos”, e ainda recomenda que a situação do país seja colocada como tema prioritário da próxima Assembleia Geral da OEA, organizada pela Guatemala, de modo virtual, entre as próximas quarta e sexta-feira.

Mais cedo, o Conselho Supremo Eleitoral do país centro-americano (CSE) divulgou que Ortega estava reeleito, já que tinha 74,99% dos votos, com 49,25% das urnas apuradas, o que representava uma expressiva margem de diferença para os demais concorrentes.

O ex-guerrilheiro sandinista, que completará 76 anos nesta quinta-feira, está no poder desde 2007 e buscava o quinto mandato presidencial de cinco anos, o quarto consecutivo, em meio a questionamentos sobre a legitimidade do pleito, após a prisão de sete pré-candidatos de oposição.

Além disso, houve a eliminação de três partidos políticos, o impedimento de observação externa e a criação de leis que restringiram a participação. A OE e a União Europeia (UE) colocaram em dúvida a legitimidade do pleito, devido a falta de garantia sobre a transparência.

“O resultado foi o esperado: a reeleição ilegítima de Daniel Ortega para um quarto mandato consecutivo, e sua intenção de se perpetuar de maneira indefinida no poder”, diz a nota que teve FHC como um dos signatários.

“Há quatro décadas o povo da Nicarágua empreendeu um caminho de resgate da democracia, após longos anos sob uma ditadura opressiva extrema. Hoje, aqueles sonhos estão sufocados por um presidente que, instalado no poder, assumiu o mesmo caminho e impede a população de eleger com plena liberdade. Diante disso, os povos e governos da América Latina não podem ser indiferentes”, completa o texto. EFE

dmm/bg

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