Gaza vive risco de epidemia devido aos bombardeios de Israel

Diário Carioca
Sacos de lixo se acumulam do lado de fora do hospital al-Shifa, em Gaza, 15 de outubro de 2023 [Montaser Alsawaf/Agência Anadolu]

Lixo e resíduos estão se acumulando do lado de fora do hospital al-Shifa e outras localidades de Gaza, em meio ao colapso dos serviços municipais devido aos ininterruptos bombardeios israelenses contra a população civil do território sitiado.

Organizações alertam para risco de epidemia na região tomada pelos massacres.

Milhares de palestinos buscaram refúgio no hospital, após serem deslocados pelos ataques aéreos da ocupação. A crise sanitária demonstra que a política de genocídio promovida por Israel excede as baixas diretas e ameaçam a vida de toda a população.

Israel ordenou a evacuação de um milhão de pessoas do norte de Gaza, mas manteve os ataques. Sob a chacina, cerca de 70% da população está sem acesso a cuidados médicos, advertiu no domingo (15) o Ministério da Saúde local.

Israel afirma preparar uma invasão por terra. A Organização das Nações Unidas (ONU) e outros agentes internacionais alertam que a evacuação de massa deve incorrer em uma catástrofe humanitária, à medida que muitos pacientes não podem viajar.

O cerco absoluto imposto desde a última semana — “sem luz, sem água, sem comida nem nada”, como declarou o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, ao rotular os palestinos como “animais” — também impõe duras perdas aos trabalhadores de saúde.

Nesta segunda-feira (16), a Agência da ONU para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) alertou ainda para ameaça de doenças transmitidas pela água, à medida que o território vive escassez de água potável.

Juliette Touma, porta-voz da UNRWA, reiterou que a “vasta maioria” dos palestinos de Gaza ainda carece de recursos hídricos apesar de Israel prometer reaver o abastecimento.

“Estamos falando de mais de dois milhões de pessoas em Gaza que não têm água, e a água está acabando. Água é vida e é a vida em Gaza que está em risco”, afirmou Touma.

“Estamos muito apreensivos com a propagação de doenças de veiculação hídrica, caso continuem os cortes, afinal sabemos muito bem que as pessoas podem ter de apelar a fontes contaminadas”, acrescentou.

Conforme Touma, a UNRWA não pôde confirmar se Israel retomou o fluxo, mas enfatizou que o abastecimento de fato depende de combustível para operar bombas que levam os insumos aos palestinos, além de usinas de dessalinização, com apoio da Unicef.

Touma explicou que os recursos de Gaza estão se esgotando rapidamente e que os abrigos da agência operam com superlotação e carência de serviços sanitários. Em alguns lugares, centenas de pessoas compartilham um único banheiro.

Em uma dramática escalada nas tensões no Oriente Médio, forças israelenses lançaram na última semana sua brutal retaliação a uma operação de resistência do grupo Hamas, cujos combatentes atravessaram a fronteira, capturaram reféns e veículos militares.

A Operação Tempestade de Al-Aqsa pegou Israel de surpresa, ao romper a cerca por mar, ar e terra sob a cobertura de foguetes. A campanha serve de resposta a violações coloniais em Jerusalém e Cisjordânia ocupada, além dos 17 anos de cerco contra Gaza.

Desde então, mais de 2.750 palestinos foram mortos, incluindo 750 crianças.

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca