Porto Príncipe, 26 oct (EFE).- Porto Príncipe continuou paralisada nesta terça-feira, o segundo dia de greve convocada em protesto contra a violência dos grupos armados e a crise causada pela falta de combustível.
Assim como na véspera, lojas, bancos e instituições permanecem fechados, e apenas os vendedores de rua tentaram fazer algo, embora em menor quantidade do que na segunda-feira.
O Mercado de Ferro e os seus arredores estão irreconhecíveis sem a atividade frenética e a agitação do trânsito que é habitual nesta zona do centro de Porto Príncipe, adjacente ao bairro de Cité-Soleil, um território dominado pelo G9 Fanmi e Alye, grupo de gangues armadas liderado por Jimmy Chérizier, conhecido como ‘Barbecue’.
A greve foi convocada para protestar contra a falta de combustível, que afeta os transportes públicos e também todos os tipos de atividades comerciais, uma vez que a maioria das empresas e estabelecimentos comerciais utilizam geradores elétricos alimentados a combustível.
Pela mesma razão, várias estações de rádio anunciaram que reduzirão as suas horas de transmissão para poupar combustível.
Mais dramática ainda é a situação nos hospitais da área metropolitana da capital, que já alertaram para a incapacidade de continuar a oferecer cuidados de saúde nestas condições, um aviso ecoado pela ONU.
O Gabinete de Proteção ao Cidadão, órgão independente do governo, culpou a comunidade internacional pela “possível catástrofe humanitária” que pode ocorrer nos hospitais devido à falta de combustível.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o órgão pediu também para que os grupos armados abram corredores humanitários para permitir a distribuição de combustível aos hospitais.
A falta de combustível se deve principalmente à insegurança e aos bloqueios de estradas e ruas, que impedem o acesso aos depósitos localizados na zona portuária.
Um terceiro dia de greve geral foi convocado para quarta-feira. O Haiti atravessa uma grave crise política, econômica e social agravada pelo assassinato do presidente Jovenel Moise em 7 de julho, pela violência dos grupos armados e pelo terremoto que causou pelo menos 2.200 mortes no dia 14 de agosto. EFE
mmv/vnm
(foto)(vídeo)