Apelos por justiça tomaram o Iraque nesta quinta-feira (28) durante um memorial lotado e o subsequente velório de vítimas de um incêndio que tomou uma festa de casamento em Hamdaniya — cidade de maioria cristã também conhecida como Qaraqosh. Mais de cem pessoas morreram e ao menos 150 ficaram feridas na noite de terça-feira (26). Relatos apontam para a negligência do governo local sobre medidas de segurança contra o uso de materiais altamente inflamáveis no edifício. Em um sermão muitas vezes interrompido pelo pranto de familiares vestidos de preto, com retratos de seus entes queridos nas mãos, um padre na Igreja de al-Tahira afirmou que o Iraque está unido em luto e condenou as autoridades por “sua corrupção e seu favoritismo”. Nada está no lugar nesse país”, afirmou o pároco. “Temos de levar os responsáveis à justiça! Basta! Basta. Críticas à falta de fiscalização sobre a segurança pública no Iraque são comuns. De fato, o Estado iraquiano permanece enfraquecido por sucessivos conflitos desde a invasão americana em 2003. Serviços são marcados por corrupção e impunidade. A tragédia reviveu memórias de incêndios mortais que varreram dois hospitais no Iraque em 2021, matando 174 pessoas, sob circunstâncias similares de corrupção e negligência. Oficiais do governo anunciaram a prisão de 14 suspeitos devido ao incêndio desta semana, incluindo os proprietários do salão, ao prometer investigar o caso em 72 horas. O governo também ordenou imediata inspeção a locais com alto fluxo de pessoas, como hotéis, escolas e hospitais. “Não existe essa coisa de destino no cristianismo, isso é obra do homem”, comentou Botrous Kareem, residente que perdeu cinco primos no incêndio desta semana, a caminho do cemitério. “Deus não tem nada a ver com isso”. ASSISTA: Minas terrestres dos anos 1980 continuam a assombrar o Iraque