Investigação revela propinas de US$ 9,2 milhões da Odebrecht no México

Diário Carioca

Cidade do México, 27 out (EFE).- Uma investigação internacional revelou nesta quarta-feira que a Odebrecht pagou propinas no México de 2006 a 2011 no valor de US$ 9,2 milhões, montante que está sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República.

Os 25 pagamentos ilegais foram entregues a sete funcionários, cujas identidades são secretas, durante os mandatos de seis anos de Vicente Fox (2006-2012) e Felipe Calderón (2012-2018), de acordo com informações obtidas por Mexicanos Contra a Corrupção e Impunidade (MCCI) e Quinto Elemento Lab.

Esta quantia se soma aos US$ 10,5 milhões que Emilio Lozoya, ex-diretor da Petróleos Mexicanos (Pemex), supostamente recebeu durante o governo de Enrique Peña Nieto (2012-2018).

Os documentos que revelaram esta informação correspondem à Procuradoria-Geral da República brasileira e ao sistema de contabilidade do Departamento de Operações Estruturadas, o “gabinete secreto da Odebrecht”, que distribuiu as propinas na América Latina e na África, segundo as entidades.

“Revelam ainda que o âmbito das práticas corruptas era muito mais extenso do que o inicialmente reconhecido pelos ex-diretores quando confessaram ter subornado Lozoya e quando mais tarde admitiram pagamentos ilegais a campanhas políticas”, relatou o Quinto Elemento Lab.

A investigação surge em meio à controvérsia causada pelo atraso no caso Lozoya, que há mais de um ano foi extraditado para o México, onde está apenas um detido no escândalo da Odebrecht, o ex-senador Jorge Luis Lavalle, do Partido de Ação Nacional (PAN).

A oposição acusou o governo do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, de utilizar o caso de Lozoya, que se baseou no critério da oportunidade para evitar a pena de prisão, para “se vingar” dos seus inimigos políticos do PAN e do Partido Revolucionário Institucional (PRI).

Os novos documentos mostram que os pagamentos ilícitos da Odebrecht começaram no México em 2006 “a favor de pessoas envolvidas na construção de um projeto hidráulico em Michoacán”, conhecido como a barragem Francisco J. Múgica, de acordo com MCCI.

“O projeto Michoacán referido nos novos documentos foi executado durante o período de Lázaro Cárdenas Batel e Leonel Godoy como governadores desse estado, e durante os mandatos de seis anos de Vicente Fox e Felipe Calderón”, acrescentou a organização.

A associação afirmou que as provas não mencionam que os ex-presidentes “foram os destinatários de quaisquer pagamentos ilegais, nem revelam a identidade dos beneficiários”.

Os procuradores brasileiros enviaram os documentos, que contêm mais de 250 páginas de informação, após um pedido dos procuradores no Peru, onde foram abertas novas linhas de investigação, de acordo com o Quinto Elemento Lab.

O pacote de informação inclui centenas de ordens de pagamentos e transações ilegais que ocorreram de 2004 a 2011 em países da América Latina como Peru, México, Argentina, Venezuela, República Dominicana, Equador e Panamá.

Ao contrário do Peru, o México “não tem sido tão ativo” em pedir ajuda ao Brasil e tem rejeitado a colaboração oferecida pela Odebrecht, disse a associação.

“Sem um acordo de colaboração assinado com a empresa brasileira, é mais difícil para os procuradores mexicanos saberem quem eram os beneficiários das propinas”, afirmou. EFE

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