O jornal em hebraico Israel Hayom confirmou nesta sexta-feira (1°) que o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, encomendou um plano a seu ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, para reduzir o número de palestinos em Gaza ao mínimo possível, como resultado da agressão em curso contra o território costeiro.
Netanyahu e Dermer são colegas do partido Likud, cujo manifesto nega a existência do povo palestino e demanda “soberania israelense” do “Mar [Mediterrâneo] à Jordânia”.
O plano não foi apresentado ainda ao Comitê Ministerial de Segurança Nacional, tampouco discutido pelas instituições devido a seu caráter “sensível”. Conforme a reportagem, a Casa Branca de Joe Biden deve rejeitá-lo.
Políticos do Likud e dos partidos de extrema-direita Sionismo Religioso — comandado pelo ministro das Finanças Bezalel Smotrich — e Otzma Yehudit (Poder Judeu) — do ministro de Segurança Nacional Itamar Ben-Gvir — devem apoiar a proposta.
Apesar da oposição internacional, incluindo Estados Unidos e Egito, Netanyahu vê o plano como objetivo estratégico de seu regime. Para tanto, pretende promover a proposta sob o verniz de “redução da densidade demográfica em Gaza”.
Uma das hipóteses para contornar a oposição do Egito é permitir a abertura de rotas marítimas, ao forçar os palestinos de Gaza a recorrer às perigosas jornadas pelo Mar Mediterrâneo a países da África e da Europa.
Em contexto semelhante, Avigdor Lieberman, chefe do partido Yisrael Beiteinu, Avigdor Lieberman, pediu a Washington que pressione o governo egípcio a assumir controle do enclave palestino após a guerra, ao deferir a chamada Área A da Cisjordânia ocupada à administração jordaniana e expropriar o restante.
Na rede social X (Twitter), Lieberman descreveu seu esquema — em violação do direito de autodeterminação do povo palestino — como alternativa à solução de dois Estados, ainda promovida pela comunidade internacional apesar dos esforços contrários de Israel.
Nesta sexta-feira (1°), o exército israelense retomou seus ataques a Gaza, após sete dias de pausa para troca de prisioneiros.
Israel mantém bombardeios a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação surpresa do grupo Hamas que atravessou a fronteira e capturou colonos e soldados. Cerca de 15 mil palestinos foram mortos nos 45 dias que antecederam a trégua, entre os quais mais de seis mil crianças e quatro mil mulheres.
Desde então, Israel dobrou o número de reféns palestinos em seus calabouços, chegando a cerca de dez mil detidos arbitrariamente. As ações israelenses — tanto em Gaza quanto na Cisjordânia — são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.