Desde domingo (8), a contraofensiva de Israel aos ataques do Hamas, do último sábado (7), já provocou a morte de mais de mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
As imagens que chegam do Oriente Médio mostram um massacre na Palestina, com bombardeios intensos e sem critério militar, que respondem apenas à emergência do governo de Benjamin Netanyahu.
Com milhares de prédios e casas destruídos por bombas, o corte de fornecimento de energia, água, combustível e alimentos, os palestinos vivem dias de terror. Seria, portanto, o Estado israelense terrorista?
Especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato ponderam que a classificação de um Estado como terrorista depende tanto do conceito usado para a aplicação deste termo como da correlação de forças entre os atores envolvidos.
“Terrorismo é ato de matar civis com o intuito de enviar mensagem para outros. Essa mensagem gera terror, daí o nome terrorismo”, afirmou Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da PUC-SP. Ele explica as diferentes possibilidades de aplicação desse termo.
“Uma [possibilidade] classifica o ator como terrorista. Na medida em que a classificação se remete ao ator, o Estado nunca aparece como possível terrorista. Assim, o Estado pode cometer qualquer crime, mas nunca será classificado como terrorista”, explica Nasser.
“A outra [possibilidade], com a qual me identifico, não classifica o ator, mas sim o ato. Neste sentido, eu não diria que o Estado de Israel é terrorista, mas que é um Estado que pratica o terrorismo. A mesma coisa eu diria do Hamas, é uma organização militar e política, que por vezes faz, ou fazia, atos terroristas. É o ato e não o ator”, finaliza o professor da PUC-SP.
Rodrigo Gallo, coordenador da pós-graduação em Política e Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), explica que “terrorismo de Estado pressupõe que você tem um governo estabelecendo um regime que dissemina terror contra uma parte de uma população. Dissemina violência por que meios? Você pode falar de repressão policial, cerceamento de liberdades individuais, censura do direito de ir e vir, privar a população de acesso a água e comida, e por aí vai. Então, é o Estado usando o aparato estatal contra a população.”
Sobre o debate acerca da aplicação do conceito a Israel, Gallo prefere ponderar. “É difícil você chamar Israel de terrorista porque o Estado de Israel não se autointitula terrorista. Além disso, Israel é um grande aliado de países ocidentais. Então, dificilmente algum Estado de capacidade política, econômica e militar classifica Israel assim.”