Manágua, 21 out (EFE).- Os empresários Michael Healy e Álvaro Vargas, respectivamente presidente e vice do Conselho Superior de Empresas Privadas da Nicarágua (Cosep), que foram detidos nesta quinta-feira pela Polícia Nacional, permanecerão na prisão por até 90 dias para serem investigados pelo suposto crime de lavagem de dinheiro.
O Ministério Público nicaraguense explicou que havia apresentado um pedido por escrito para uma audiência especial sobre garantias constitucionais para solicitar a prorrogação do período de investigação e detenção judicial dos dois líderes empresariais.
A Polícia Nacional, liderada por Francisco Díaz, sogro do presidente do país, Daniel Ortega, prendeu na quinta-feira os dois principais líderes da Cosep para investigá-los pelos supostos crimes de lavagem de dinheiro, propriedade e bens em detrimento do Estado e da sociedade nicaraguenses, e realizar atos que minam a independência, a soberania e a autodeterminação, entre outros.
“As audiências especiais para o cumprimento das garantias constitucionais foram realizadas hoje, e os pedidos foram admitidos pelas autoridades judiciais correspondentes, que ordenaram a detenção judicial por 90 dias para cada um dos sob investigação”, disse o Ministério Público, que não especificou os nomes dos juízes.
A polícia, que até agora não ofereceu provas, informou que está baseando sua investigação com base na Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação pela Paz, aprovada com urgência pela Assembleia Nacional – de maioria sandinista, apoiadora de Ortega – em dezembro do ano passado.
Esta lei, promovida pelo governo Ortega, classifica-os como “traidores da pátria” e os proíbe de ocupar cargos públicos.
RESOLUÇÃO DA OEA.
A prisão de Healy e Vargas, críticos do governo Ortega, ocorreu um dia depois de o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) exigir a libertação “imediata” dos candidatos presidenciais e outros presos políticos, faltando 17 dias para o pleito em que o atual presidente tentará a reeleição.
Tanto a Cosep, principal organização de empregadores da Nicarágua, quanto a entidade opositora Aliança Cívica para a Justiça e a Democracia denunciaram a prisão arbitrária dos empresários e exigiram sua libertação imediata.
Healy disse a jornalistas após deixar o Ministério Público, onde permaneceu por 10 minutos, que sua audiência foi remarcada e que não lhe deram nenhuma outra explicação sobre o caso pelo qual ele está sendo investigado.
Ele então embarcou em seu veículo e, quando estava a caminho de sua residência, foi interceptado pela Polícia Nacional e preso junto com seu motorista, Wilber Alvarado, de acordo com uma denúncia da Cosep e da Aliança Cívica.
As prisões de Healy e Vargas são as 38ª e 39ª, respectivamente, feitas pela Polícia Nacional desde 28 de maio contra profissionais independentes e dissidentes, incluindo sete que anunciaram intenção de concorrer à presidência da Nicarágua pela oposição.
Ortega, um ex-guerrilheiro sandinista que está prestes a completar 76 anos e que retornou ao poder em 2007 depois de liderar uma junta governamental de 1979 a 1984, presidiu o país pela primeira vez de 1985 a 1990, e busca seu quinto mandato, o quarto consecutivo e o segundo tendo sua esposa, Rosario Murillo, como vice-presidente. EFE