Quito, 14 nov (EFE).- O presidente do Equador, Guillermo Lasso, aceitou a renúncia do chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas, Jorge Cabrera, que se demitiu após a crise no sistema penitenciário do país, agravada no sábado passado pelas mortes de 68 reclusos em uma prisão de Guayaquil.
Lasso emitiu no domingo um decreto com o qual “aceita a renúncia e agradece ao vice-almirante Jorge Cabrera Espinosa pelos seus diligentes e leais serviços ao país no exercício das suas funções como chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas”.
O chefe de Estado nomeou o general de divisão Orlando Fabián Fuel Revelo como sucessor de Cabrera. No mesmo decreto, escolheu o general de brigada Luis Enrique Burbano Rivera como comandante-geral da Força Terrestre.
Em um segundo decreto, o presidente aceitou a demissão do coronel Fernando Garzón como diretor-geral do Serviço Nacional de Atenção Integral a Adultos Privados da Liberdade e dos Adolescentes Infratores e o agradeceu pelos serviços prestados.
No mesmo documento, a direção-geral do órgão passou a ser ocupada pelo chefe do Centro de Inteligência Estratégica, mas nenhum dos decretos explica as razões das demissões.
As mudanças nas autoridades militares e prisionais ocorrem um dia após o ataque ao Pavilhão 2 da penitenciária, que deixou 68 prisioneiros mortos e 25 feridos.
Segundo o coronel Marco Ortiz, diretor nacional de investigação técnico-científica da polícia, apenas 61 corpos puderam ser recuperados da prisão.
O estado dos corpos é variado, pois alguns foram queimados e mutilados durante os confrontos, razão pela qual só foi possível coletar impressões digitais de 45 dos 61 corpos.
“Os demais cadáveres devem ser submetidos a identificação antropológica e, se necessário, a identificação genética. Isso obviamente leva mais tempo”, acrescentou Ortiz.
A Secretaria dos Direitos Humanos do Equador relatou a identificação, a partir da tarde de domingo, de 41 dos 68 presos mortos no sábado.
O massacre de sábado ocorreu na mesma prisão onde houve um outro massacre em setembro, resultando na morte de 118 reclusos. Após este massacre, Lasso decretou o estado de emergência no sistema penitenciário, uma medida que não conseguiu deter a violência prisional.
As autoridades presumem que os confrontos entre reclusos se devem a disputas territoriais entre grupos supostamente ligados ao tráfico de drogas. EFE