Havana, 22 out (EFE).- Vários líderes do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) enviaram uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedindo que ele tome uma “ousada decisão” de suspender o embargo financeiro e comercial americano a Cuba, de acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira pela imprensa do país caribenho.
No texto, datado de 15 de outubro, eles explicam que seu objetivo é “interceder em nome do povo cubano, que vive uma terrível situação humanitária” após quase 60 anos de embargo.
“Pedimos que tomem uma decisão ousada e acabem com o embargo ao povo cubano. Estamos cientes de que existem pressões políticas e obstáculos muito grandes para esse curso de ação”, disseram os membros do CMI e instituições como ACT Alianza, Conselhos de Igrejas de Cuba e Cristo USA, entre outras.
Eles também solicitam a retirada de Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo, a suspensão da aplicação do Título III da Lei Helms-Burton, a retomada das viagens “de povo a povo” para intercâmbio educacional e eliminação da proibição de viagens.
Além disso, pedem o restabelecimento dos voos regulares das companhias aéreas americanas a todas as cidades cubanas, reativação dos serviços da Embaixada dos EUA em Havana, remessas, suspensão dos pedidos de visto em terceiros países e a permissão de que os cidadãos americanos permaneçam onde desejarem.
Os representantes cristãos afirmam que “existem outras formas de interagir com as autoridades cubanas para discutir e superar divergências sobre questões e legados, sem afetar as pessoas que desejam viver com dignidade humana”.
Eles lembraram que a gestão do ex-presidente Barack Obama, da qual Biden foi vice-presidente, “tentou repensar a política e um novo compromisso com Cuba”, flexibilizando as sanções, permitindo voos diretos entre os dois países e amenizando as restrições a cidadãos americanos que viajam e fazem negócios na ilha.
Os religiosos destacaram ainda que, durante o mandato do republicano Donald Trump, a política de Obama em relação a Cuba foi invertida, com o país caribenho sendo colocado na lista americana de países patrocinadores do terrorismo internacional. O governo Trump também cortou viagens entre os dois países e proibiu o envio das remessas familiares para a ilha, interrompendo um importante meio de vida econômica para muitos cubanos.
Recentemente, o papa Francisco também se pronunciou a favor do fim das agressões, bloqueios e sanções por parte de países poderosos contra qualquer nação em qualquer lugar do planeta, em mensagem de vídeo gravada aos participantes da segunda sessão do IV Encontro Mundial dos Movimentos Populares.
Cuba afirma que no ano passado o embargo causou prejuízos de US$ 9,157 bilhões ao país, a maior perda registrada até agora pelas autoridades cubanas desde que as sanções começaram a ser aplicadas em 1962, no governo de John F. Kennedy.
Seis décadas depois, o prejuízo econômico chega a US$ 147,853 bilhões no total, segundo dados do governo cubano. EFE