Buenos Aires, 28 out (EFE).- O ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri, garantiu nesta quinta-feira, que é vítima de perseguição, durante audiência sobre o caso em que é acusado de ordenar que fosse feita espionagem ilegal durante o mandato como chefe de governo.
“A cada nova agressão, a cada golpe, a cada calúnia e a cada mentira a mais, minhas convicções são fortalecidas”, garantiu o presidente argentino de 2015 a 2019, que pela primeira vez teve que depor em uma audiência judicial desde que deixou o poder.
Macri concedeu entrevista depois da sessão no tribunal federal da cidade de Bolores, na província de Buenos Aires, diante de um grupo de seguidores, que se reuniram para dar apoio a ele.
Na ação, que está a cargo do promotor Martín Bava, o antigo chefe de governo é acusado de ter ordenado que fossem espionadas as famílias dos 44 tripulantes do submarino ARA San Juan de la Armada, que foi encontrado afundado, em 2018, um ano após ter desaparecido.
O processo foi iniciado em setembro de 2020, após uma denúncia feita pela Agência Federal de Inteligência da Argentina, já após o início do governo de Alberto Fernández, sucessor de Macri.
“Se eles acham que estes dois anos de agressões, desqualificações, calúnias, perseguição, quase uma obsessão permanente com a minha pessoa, se chama que isso vai diminuir o compromisso com vocês de defender seus valores, estão muito errados”, discursou o ex-presidente.
TERCEIRA CONVOCAÇÃO.
Esta foi a terceira convocação de Macri no processo, já que a primeira, para depoimento em 7 de outubro, foi adiada por viagem do ex-presidente aos Estados Unidos e acabou sendo remarcada para o último dia 20, também sendo remarcada.
“Aqui estou, em Dolores, tentando entender essa convocação tão intempestiva, sem fundamentos, em meio a uma campanha eleitoral, mas estamos aqui, porque sempre demos a cara, porque estamos tranquilos, sabemos o que fizemos”, garantiu o antecessor de Fernández.
O processo judicial, além de tentar explicações sobre as denúncias de espionagem, visa detectar se houve irregularidades no desaparecimento do submarino que pertencia a Marina argentina e também nas operações de buscas.
O equipamento só foi localizado depois de um ano, durante uma operação da empresa americana Ocean Infinity, embora os destroços e os corpos das vítimas nunca tenham sido retirados do mar. EFE