Macri prestará depoimento na semana que vem por suposta espionagem ilegal

Diário Carioca

Buenos Aires, 29 out (EFE).- O ex-presidente argentino Mauricio Macri (2015-2019) confirmou que na próxima quarta-feira voltará a comparecer diante do juiz que o investiga por suposta espionagem ilegal dos parentes da tripulação do submarino ARA San Juan, que desapareceu em 2017 e foi encontrado um ano depois.

Macri deveria prestar depoimentos sobre este caso na quinta-feira passada, mas a audiência foi suspensa porque o ex-presidente não tinha sido dispensado da obrigação de manter o sigilo em assuntos de inteligência.

Nesta sexta-feira, o presidente argentino, Alberto Fernández, assinou um decreto que libera o antecessor do dever de confidencialidade. Sendo assim, o juiz encarregado da investigação, Martín Bava, convocou Macri para a quarta-feira nos tribunais da cidade de Dolores, na província de Buenos Aires.

“Na quarta-feira, também devido à sua incompetência (do juiz), terei de viajar novamente para Dolores e perder um dia inteiro de trabalho para dizer o que todos já sabem, que nunca espionei ninguém”, disse Macri em conferência organizada pela Bolsa de Valores da cidade de Córdoba.

“NUNCA FIZ ESPIONAGEM ILEGAL”.

De acordo com a primeira intimação, emitida em 1º de outubro, Macri é acusado de ter supostamente ordenado e permitido, a partir da sua posição como presidente, a execução “sistemática” de tarefas de inteligência ilegais entre dezembro de 2017 e o final de 2018.

A suposta espionagem visava, segundo a investigação judicial, obter dados e informações pessoais das famílias dos 44 membros da tripulação do ARA San Juan, o submarino da Marinha argentina que desapareceu em novembro de 2017 e foi encontrado naufragado um ano depois.

Estas ações, de acordo com a resolução judicial de intimação, “buscaram influenciar a situação política e institucional do país, especificamente no que diz respeito às reivindicações” feitas pelos familiares para o naufrágio do submarino, e também visaram “conhecer as suas atividades, os locais onde se encontraram, os seus dados pessoais e os do seu entorno”.

“Nunca fiz espionagem ilegal. O meu governo não se envolveu em espionagem ilegal. Não utilizei nenhum dinheiro público para fazer qualquer atividade ilegal. Nunca tive qualquer documentação de qualquer investigação sobre os parentes (das vítimas) do ARA San Juan nem de qualquer outro navio”, insistiu Macri nesta sexta-feira.

CAMPANHA ELEITORAL.

O ex-presidente alegou que se tivesse declarado na quinta-feira, sem ser dispensado do dever de guardar segredo, teria cometido um crime.

Segundo ele, este processo judicial envolve uma perseguição política ligada ao processo eleitoral na Argentina, onde em setembro o partido no poder sofreu um grande revés nas eleições primárias que o deixou mal posicionado para as eleições legislativas de 14 de novembro.

“Esta é uma ação ligada a uma campanha eleitoral, acreditando que me processar vai mudar o resultado e a decisão dos argentinos de colocar um limite ao ultraje”, disse Macri. EFE

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