Caracas, 10 nov (EFE).- Cerca de 1,2 milhão de crianças e adolescentes na Venezuela deixaram os estudos nos últimos três anos, de acordo com uma pesquisa da Universidade Católica Andrés Bello (UCAB) apresentada nesta quarta-feira.
“Para este ano de 2021, o número de alunos dos ensinos fundamental e médio é de 6,5 milhões, abaixo dos 7,1 milhões que estavam matriculados no sistema em 2018. Isso significa que, nos últimos três anos, o número de alunos caiu 15%, ou seja, 1,21 milhão de crianças e adolescentes abandonaram as aulas (cerca de 400 mil por ano)”, disse a UCAB em um comunicado.
Ainda segundo o estudo, realizado pelo Centro de Inovação Educacional da universidade (CIED) e intitulado “Diagnóstico Educacional da Venezuela (DEV)”, neste ano letivo foram inscritos 502,7 mil professores, 166 mil a menos (-25%) que em 2018.
As causas mais comuns de desistência escolar foram a falta de alimentos em casa (78,3%), a falta de serviços básicos (56,7%), a impossibilidade de comprar materiais (55,5%), razões de saúde (44,4%), ajuda em tarefas domésticas (43,7%), porque o aluno não queria continuar estudando (43,5%), porque o aluno não considera importante estudar (38,7%) e por causa do custo do transporte (25,9%).
A universidade também destacou que, tanto em relação aos estudantes como aos professores, pouco mais de 40% dos que abandonaram as escolas emigraram.
Cantera também ressaltou que embora o governo administre o Programa de Alimentação Escolar (PAE) em 90% dos centros educacionais, apenas 32,27% deles receberam o serviço todos os dias.
“Os 70,8% são limitados a uma refeição por dia com pouca proteína e mais carboidratos”, afirmou.
Em 24 de outubro, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu ao vice-presidente para o Socialismo Social e Territorial, Mervin Maldonado, para “ir em busca” dos alunos que abandonaram os estudos durante os 19 meses em que não tiveram aulas presenciais.
“Maldonado, eu o responsabilizo perante um país pela busca e incorporação amorosa dos jovens que abandonaram os estudos para voltarmos a avançar acima de 90% no nível de matrículas”, enfatizou Maduro em uma cerimônia transmitida pelo canal estatal “VTV”. EFE