Bangcoc, 15 nov (EFE).- As autoridades de Mianmar liberaram o jornalista americano Danny Fenster, condenado na sexta-feira passada a 11 anos de prisão pelo seu trabalho no país, anunciou nesta segunda-feira o ex-governador americano Bill Richardson.
“Danny e a equipe de Richardson vão fazer sua longa viagem para casa, através do Catar, no próximo dia e meio”, afirmou em comunicado o Centro Richardson pelo Compromisso Global, dirigido pelo ex-diplomata e ex-governador do Novo México.
O jornal “Frontier Myanmar”, para o qual Fenster trabalhava, explicou que ele já está voando rumo aos EUA. O jornalista, de 37 anos, foi sentenciado na sexta-feira passada a 11 anos de prisão por diversos delitos, incluindo a violação de uma lei que pune qualquer pessoa que tente deslegitimar a junta militar que tomou o poder em golpe de Estado em 1º de fevereiro.
O repórter, que foi preso em maio enquanto tentava sair do país, foi liberado após uma campanha internacional, incluindo uma recente visita de Richardson, que se encontrou com o chefe da junta militar, Min Aung Hlaing.
“Estamos muito gratos por Danny poder voltar a ver os seus entes queridos”, declarou o ex-governador, que reconheceu a ajuda dos governos do Catar e da Noruega e de “muitas pessoas” que contribuíram para a libertação de Fenster.
O editor-chefe do “Frontier Myanmar”, Thomas Kean, enalteceu a libertação do repórter e recordou que muitos outros jornalistas foram detidos injustamente no país.
“Exigimos que o regime militar liberte todos os jornalistas que permanecem na prisão em Mianmar”, disse Kean em comunicado.
Fenster trabalhou de meados de 2009 até julho de 2020 para o veículo “Myanmar Now” e desde então passou a integrar o “Frontier Myanmar”.
Após um processo judicial obscuro, o jornalista foi condenado a três anos de prisão por tentativa de deslegitimação da junta militar, três anos por associação ilegal e cinco anos por violação da Lei da Imigração.
Além dessas acusações, Fenster também foi acusado de sedição e terrorismo. As acusações se baseiam no fato de que ele trabalhava para a publicação em língua inglesa “Myanmar Now”, que foi proibida pela junta militar após o golpe, apesar de o jornalista ter deixado o veículo de comunicação em julho de 2020.
Três outros jornalistas estrangeiros – o americano Nathan Maung, o polonês Robert Bociaga e o japonês Yuki Kitazumi – foram anteriormente detidos pela junta militar, mas já foram deportados para os seus respectivos países.
De acordo com a ONG Repórteres sem Fronteiras, mais de cem jornalistas foram detidos pelas forças da junta militar desde o golpe, sendo difícil determinar quantos permanecem na prisão após a anistia decretada em outubro. EFE