Cerca de 300 milhões de mulheres representam a maioria da população que habita, trabalha e, desde 2020, enfrenta a pandemia da covid-19 na América Latina.
Por isso, assim como no Brasil, em vários países da região as reivindicações históricas por igualdade de gênero nas representações políticas, no trabalho, por salário, além do direito ao aborto se unem a demandas de maior atenção do Estado às mulheres durante a pandemia.
No último ano, 37,2% das mulheres entraram em situação de pobreza, o que representa 118 milhões de latino-americanas, enquanto o desemprego subiu para uma média de 15,2%, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal).
“Pobreza e violência foi o legado da pandemia para as mulheres na América Latina”, segundo a diretora da ONU Mulheres para a América Latina e o Caribe, María-Noel Vaeza.
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Ainda que a presença das mulheres no mercado de trabalho tenha caído seis pontos percentuais no último ano, elas representam cerca de 70% da força de trabalho em setores estratégicos, como saúde e educação, e ganham 17% a menos que os homens na nossa região, de acordo com a Cepal.
Nesse cenário, as brasileiras evidenciam a necessidade do auxílio emergencial para mães, que são a única fonte de renda e cuidados para muitos lares.
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Argentina
As argentinas se somam à greve internacional de mulheres. Por conta da pandemia, ao invés de caminhada, o movimento feminista convocou concentrações em Buenos Aires, na frente do Congresso às 17h (hora local), e em praças públicas nas grandes cidades, como Rosário, Córdoba e Salta.
O 8M celebra a aprovação da lei de aborto, no final do ano passado, mas também denúncia a situação de violência e o trabalho invisibilizado das mulheres que assumem todo o cuidado dos lares durante a pandemia.
:: Feminismos populares na Argentina organizam suas demandas para o 8 de março ::
Em 2020, houve um aumento de 39% de denúncias de situações de violência de gênero em todo território argentino.
No manifesto unificado são elencados sete pontos como reivindicações urgentes do movimento argentino, entre eles: visibilizar e criar políticas para diminuir a super exploração contra mulheres, pelo direito a uma lei trabalhista às travestis e trans, por reforma judicial feminista, contra a violência.
Uruguai
Com o lema ” A pandemia não é desculpa”, no Uruguai haverá um ato às 15h (hora local), na Plaza Libertad, no centro de Montevideo para difundir materiais sobre direito reprodutivo das mulheres.
As uruguaias buscam evidenciar também a liderança das mulheres na contenção da pobreza durante a pandemia. Somente na capital, aumentaram de 60 mil para 100 mil mulheres presentes nas “ollas populares” – refeitório populares coletivos auto organizados pelo movimento comunitário nas zonas mais vulneráveis do país.
A violência também não cessou. Em 2020, a cada nove dias houve um registro de feminicídio no país, a maioria executado no ambiente doméstico pelos parceiros afetivos.
Chile
As chilenas voltam às ruas de Santiago a partir das 15h (hora local), em uma manifestação que irá percorrer todo o eixo central da cidade, começando pela praça Baquedano, popularmente conhecida como Praça Dignidade pelo movimento pela constituinte.
Na primeira concentração do dia, duas mulheres foram detidas de maneira violenta pela polícia militar – os carabineros.
Denunciamos la detención arbitraria de nuestra compañera @emischneiderv y a un miembro de su equipo de campaña mientras se preparaba una intervención de en el marco del #8M en las cercanías de Plaza Dignidad. Carabineros además golpeó a parte del equipo que acompañaba a Emilia. pic.twitter.com/AckUUkRSOn
— Comunes (@ComunesCL) March 8, 2021
Em outras cidades do eixo centro-sul do país há uma série de convocatórias para conversatórios e paralisação do trabalho nas empresas, no campo e dentro dos lares para se somar à greve mundial.
Venezuela
As venezuelanas convocam uma “rota feminista por todos os direitos”, que iniciou com uma conversatório na praça Bolívar, centro de Caracas, e seguirá em ato, a partir do meio dia, hora local, até o museu de Belas Artes, onde culminará o dia de atividades com um encontro artístico e uma tribuna feminista.
No país, a principal denúncia é pelo aumento de feminicídios. Em 2020, uma mulher foi assassinada a cada 34 horas, segundo cifras oficiais.
Mulheres venezuealanas protestam contra aumento da violência de gênero durante a pandemia, nas ruas do centro da capital Caracas. / Tinta Violeta
Colômbia
Além de Bogotá, há um chamado para atos durante todo o dia em mais de 20 cidades colombianas, incluído os grandes centros: Cali, Cartagena, Bucaramanga, Barranquilla.
Na capital, a manifestação começará às 18h (hora local), na praça Bolívar, centro. Este será o ponto de encontro para marchas que sairão do Planetário e do Parque Nacional, no sul da cidade.
Todas as convocatórias ressaltam a importância do distanciamento social, uso de máscara e álcool gel.
Somente em 2020, 1,4 milhão de postos de trabalho foram perdidos e a taxa de desocupação entre as mulheres superou os 20%. Por isso, entre os dias 11 e 12 de março, a organização Congresso dos Povos realizará um seminário virtual sobre a importância de um projeto de renda básica universal às colombianas e colombianos.
Equador
O ato começará às 16h (hora local), na praça El Arbolito e seguirá pelas ruas principais de Quito, passando pela Corte Constitucional, Ministério Público e Conselho Nacional Eleitoral, justamente em um momento em que o país se prepara para o segundo turno das eleições presidenciais.
Os eixos centrais de denúncia também são a violência, que vitimou 118 mulheres durante 2020; e paridade salarial, já que as equatorianas ganham cerca de 20% a menos que os homens, segundo dados oficiais.
Além disso, às 21h (hora local) haverá um debate online sobre os desafios da luta feminista no país.
Bolívia
Em La Paz uma manifestação caminhou pelas principais ruas do centro da capital. Por conta da data, o governo decidiu aceitar propostas de alteração na lei nº 348 para uma vida livre de violência contra a mulher.
Com um aumento de 2,5% das denúncias de agressão física e psicológica contra mulheres no ano passado, a Defensoria do Povo exigiu que o Executivo destine mais recursos para a área.
Diante do cenário, o ministro de governo, Eduardo Del Castillo anunciou a criação de uma unidade de gênero dentro da Polícia Nacional para investigar denúncias de violência.
Bolivianas organizam marcha no centro de La Paz por paridaade de gênero no ambiente de trabalho e espaços de decisão política, além de maior orçamento para combate à violência. / ABI
México
As mexicanas têm distintas convocatórias por região, que vão desde caminhadas, até atos em frente às sedes do ministério público e debates virtuais.
O Palácio Nacional, o Banco do México, o Museu de Belas Artes e outras sedes do Executivo foram cercadas com um muro de contenção e tropas policiais. Segundo a prefeita da capital, Claudia Sheinbaum, a manifestação não será reprimida, “mas não podemos permitir agressão a outros cidadãos”, declarou.
Organizações feministas mexicanas escreveram nomes de vítimas de feminicídios nos muros postos na véspera do 8M nos edifícios oficiais do Estado. / Getty Images
Na última semana houve enfrentamentos entre o movimento de mulheres que protestou contra a decisão do presidente Andrés Manuel López Obrador de apoiar Félix Salgado Macedonio para a governação do estado Guerrero.
O candidato tem uma série de denúncias de violência e abuso sexual. Enquanto Guerrero é a localidade líder em violência contra a mulher no território mexicano, onde 11 mulheres são assassinadas diariamente, segundo dados oficiais.
Edição: Rebeca Cavalcante