A fim de abrir caminho ao muito esperado encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está supostamente revendo sua estratégia sobre a controversa proposta de reforma judicial. Fontes políticas de Israel afirmaram que o premiê de extrema-direita parece disposto a certo recuo em troca de avanços na normalização de laços com a Arábia Saudita. O relacionamento de Netanyahu com o gabinete democrata na Casa Branca é tenso desde a posse em dezembro da coalizão israelense de extrema-direita. Embora mantenha seu apoio a figuras racistas e hostis, como o ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, o premiê pondera reavaliar a rota, a fim de se reaproximar de Washington. Rumores de uma eventual concessão vieram à tona na segunda-feira, conforme a agência de notícias Al-Monitor. Segundo os relatos, não somente houve conversas entre Ovad Yehezkel, assessor do presidente israelense, Isaac Herzog, e emissários de Netanyahu, como um pacto já está firmado. Analistas alertam, no entanto, que as informações sobre o recuo podem ter sido divulgadas como tática de relações públicas frente à oposição no parlamento e aos protestos de massa que tomam Israel desde janeiro. LEIA: A proposta dos EUA para resgatar Israel é tão ofensiva quanto ridícula A manobra pode levar Netanyahu a assegurar um encontro de alto perfil no Salão Oval, com olhos voltados a um evento de assinatura na Casa Branca junto de Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e governante de facto da Arábia Saudita. Todavia, a própria base radicalizada de Netanyahu nega concessões. Membros-chave de sua coalizão, como o influente ministro da Justiça, Yariv Levin, rechaçam abertamente a ideia. O meio termo buscaria ainda reter a formação do chamado Comitê de Nomeações Judiciais, em troca de um período de 18 meses até que novas mudanças sejam implementadas. Até então, Netanyahu não conseguiu ainda agendar sua tão esperada conversa com Biden. O premiê deseja reabilitar sua imagem em Washington, diante do franco declínio no apoio de jovens americanos — incluindo judeus — aos avanços sionistas. A estrada para a normalização com o reino permanece repleta de obstáculos. O ex-premiê e líder da oposição em Israel, Yair Lapid, expressou receio sobre a hipótese de enriquecimento de urânio por parte de Riad — considerada parte do acordo. O próprio bloco de Netanyahu não tem um consenso sobre a natureza da normalização. À medida que a Suprema Corte de Israel averigua a reforma judicial e decisões concernentes do governo, o clima político no país continua tenso. Comentaristas alertam que os recentes vazamentos sobre as supostas negociações em curso nada mais são do que manobras políticas para manipular o público, parceiros internacionais e mesmo a decisão da Suprema Corte. LEIA: Israelenses nas ruas e a sombra do apartheid no espelho