No melhor estilo Bolsonaro, campanha de Milei faz acusação de fraude eleitoral na Argentina

Diário Carioca
Javier Milei - Foto: Reprodução

A campanha do candidato de ultradireita na Argentina, Javier Milei, simpatizante de Jair Bolsonaro e Donald Trump, lançou uma denúncia na última quinta-feira (16), acusando a Gendarmaria Nacional, principal força de segurança do país, de supostamente alterar “o conteúdo das urnas e a documentação”.

A denúncia, sem provas concretas, que até chega a lembrar vivências brasileiras com um candidato derrotado no último pleito, visa alegar favorecimento a Sergio Massa, candidato do governo peronista, que venceu no primeiro turno, contradizendo pesquisas e as primárias que apontavam Milei como líder.

A denúncia surge a poucos dias do segundo turno e faz parte de uma série de ações que alimentam incertezas sobre a integridade do pleito no domingo.

Apresentada à corte eleitoral por Karina Milei, irmã do candidato ultradireitista, a ação alega uma “fraude colossal” na entrega das urnas às forças de segurança. A acusação afirma que membros da Gendarmaria, em conjunto com chefes regionais, teriam modificado “o conteúdo das urnas e a documentação de outras em favor do partido governista e de Sergio Massa”, impactando significativamente o resultado eleitoral.

A legenda alega que as informações sobre as violações foram fornecidas por fontes que optaram por permanecer anônimas por questões de segurança. A ação detalha supostas manobras realizadas em seções de províncias como Buenos Aires, Misiones e Santiago del Estero, sugerindo motivações não especificadas por parte dos perpetradores.

Para resolver a situação, o partido propõe maior envolvimento da Força Aérea e da Marinha Argentina na custódia e deslocamento das urnas, além de um controle mais estrito sobre as seções eleitorais.

Em resposta, a justiça eleitoral anunciou que encaminhará o caso à Câmara Nacional Eleitoral (CNE) e aos distritos. Destacou ainda que os partidos têm permissão legal para monitorar as urnas até o encerramento da votação, um procedimento comum nas eleições do país.

Vale destacar que o partido de Milei, A Liberdade Avança, vem acionando a Justiça com frequência antes da votação. Um interlocutor da campanha, em declaração ao La Nación sob anonimato, indicou a possibilidade de uma nova ação para evitar possíveis interferências nas fronteiras.

“Eles nos dizem que estamos gritando fraude. O que estamos fazendo é todo o possível para que não tenhamos que gritar fraude no domingo”, disse a fonte, sob anonimato, ao La Nación.

Sobre a possibilidade de uma derrota por uma margem mínima para Massa, ainda não há consenso na campanha. Um dos principais colaboradores de Milei afirmou ao jornal argentino que a decisão dependerá do candidato. Nesse cenário, aconselha-se a aguardar a contagem final dos votos para reconhecer o resultado.

O partido, conforme reconstituído pelo La Nación, implementou ações adicionais para supervisionar a votação de domingo, expandindo o controle realizado normalmente nas seções eleitorais.

A campanha de Milei pressionou a Indra, empresa responsável pela contagem provisória dos votos, por informações detalhadas sobre os códigos-fonte e procedimentos adotados. Paralelamente, buscou se aproximar da empresa com especialistas em computação forense.

“Fizemos tudo o que podíamos, pedimos todas as informações sobre o sistema e até fomos à empresa com cientistas da computação forense. No domingo, teremos fiscais de informática examinando a contagem. Eles sabem que os estamos observando de perto”, disseram fontes do partido.

Além disso, o partido solicitou à Direção Nacional Eleitoral (Dine), vinculada à Presidência e responsável pela contagem, que compartilhasse os dados de GPS dos veículos que transportarão as urnas ao término da votação com a Câmara Nacional Eleitoral.

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca