No próximo sábado, junho 19, uma nova série de protestos exigindo o afastamento de Bolsonaro para lidar com a pandemia ocorrerá em todo o Brasil. Foto: Eduardo Miranda
O Brasil é o país com o segundo maior número de COVID – 19 vítimas no total e em 2021, lidera o ranking mundial quando se trata de fatalidades. Com cerca de 293, mortes apenas no primeiro semestre, o país segue uma tendência oposto ao de países que trabalharam no monitoramento e na contenção da disseminação do coronavírus. A lentidão da vacinação e a influência negativa do governo Jair Bolsonaro, que promove eventos sem uso de máscara e dificulta a aquisição das doses das vacinas pelo país, contribuem para o cenário atual do Brasil.
Vida e morte Além de comprometer os esforços para controlar a propagação do vírus, Bolsonaro continua a apoiar e promover medicamentos que se mostraram ineficazes contra a doença; tais como hidroxicloroquina e ivermectina. Além de não funcionarem, apresentam o risco de efeitos colaterais graves. “Agora está claro quem aprendeu a lição e quem ainda insiste na hidroxicloroquina e em não adotar medidas de distanciamento social”, destaca a bióloga e editora científica Atila Iamarino.
O epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Pedro Hallal, analisa a média global de óbitos em relação ao número de habitantes e conclui que o cenário atual é de calamidade no Brasil. “Três em cada quatro mortes ocorridas até agora no Brasil teriam sido evitadas se estivéssemos no mesmo nível da média mundial. Também poderíamos ter sido melhores do que a média e ter salvado ainda mais vidas. ”
Ele explica os cálculos nos quais baseou suas conclusões: “Em um ano e meio, COVID – 19 ceifou 3,8 milhões de vidas em todo o mundo (uma morte para cada 2, 000 pessoas). No Brasil, em menos de 1,5 anos, COVID – 19 reivindicou 480 mil vidas (uma morte para cada 454 pessoas). Portanto, nossa taxa de mortalidade cumulativa é 4,4 vezes a do resto do mundo. ”
Copa América Em outro movimento “para ajudar o vírus”, Bolsonaro decidiu trazer o torneio de futebol da Copa América para o Brasil. A competição começou no último domingo, maio 13, com baixa audiência na televisão e marcada por incertezas e críticas. As consequências já são claras: Venezuela, Bolívia, Colômbia e Peru registraram casos de contágio entre seus atletas. As equipas que participam no torneio têm jogadores que jogam em 23 diferentes nações em todos os continentes.
A possibilidade de uma “mistura” de diferentes cepas virais preocupa autoridades e cientistas, pois podem levar o coronavírus a sofrer mutação em variantes mais letais e de transmissão mais fácil. Por sua vez, a eficácia das vacinas disponíveis atualmente pode ser perdida.
Por exemplo, no Peru, que recentemente revisou seus dados para contabilizar uma grande subnotificação do número de mortos, há pelo menos quatro variantes do vírus Sars-Cov-2 circulando no momento. São mutações classificadas como “preocupantes” pelas autoridades sanitárias por trazerem maiores riscos à população.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal, mais conhecida como a capital do país, Brasília, e uma das regiões que sedia os jogos da Copa América, divulgou nota manifestando sua preocupação com as novas cepas. “O movimento de pessoas aumenta o risco de entrada de novas variantes do SARS-CoV-2, bem como o risco de introdução e disseminação de outros agentes infecciosos, causando surtos que preocupam a saúde pública”, afirmou.