Durante reuniões bilaterais em Berlim, o chanceler alemão, Olaf Scholz, ao lado do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, trouxe à tona o golpismo bolsonarista para o cenário internacional. Scholz mencionou os atos antidemocráticos de 8 de janeiro em Brasília, destacando a destruição dos símbolos da democracia.
Em resposta, Lula e Scholz assinaram uma declaração conjunta sobre integridade da informação e combate à desinformação.
O que você precisa saber:
- Chanceler alemão expõe atos antidemocráticos do bolsonarismo.
- Lula e Scholz assinam declaração contra desinformação e ameaças à democracia.
Reunião de Alto Nível e Acordos: Durante a 2ª Reunião de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível em Berlim, Lula e Scholz formalizaram acordos abrangentes. Os temas incluem meio ambiente, mudanças climáticas, agricultura, bioeconomia, energia, saúde, ciência, tecnologia, inovação, desenvolvimento global e integridade da informação. Essas iniciativas visam fortalecer a cooperação entre Brasil e Alemanha.
Compromisso Ambiental: Lula destacou a parceria para uma transformação ecológica e socialmente justa, incluindo cooperação na área ambiental, o Fundo Amazônia e projetos de industrialização verde. A Alemanha comprometeu-se a apoiar a meta brasileira de desmatamento zero até 2030, lançando projetos para promover indústrias neutras e pesquisa em questões climáticas.
Investigação do Bolsonarismo e Combate à Desinformação: As declarações de Scholz sobre o golpismo bolsonarista refletem uma preocupação global com a democracia. A declaração conjunta assinada por Lula e Scholz visa combater forças antidemocráticas e enfrentar a desinformação, destacando a importância da cooperação internacional contra ameaças à democracia.
Leia abaixo a íntegra da declaração de Lula após reunião com Olaf Scholz
É uma grande satisfação voltar à Alemanha, país onde construí laços de amizade e respeito ao longo de toda a minha trajetória sindical e política.
Venho a Berlim, diretamente da COP 28 em Dubai, para presidir, ao lado do meu amigo Olaf Scholz, a segunda Reunião de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível.
Este mecanismo de consultas não se realizava desde 2015.
Estamos trabalhando para recuperar o dinamismo de nossa parceria.
A reunião de hoje trouxe excelentes resultados e traça um caminho para a nossa cooperação daqui em diante.
Adotamos a Parceria para uma Transformação Ecológica e Socialmente Justa.
Vamos reforçar a robusta cooperação na área ambiental, que inclui o Fundo Amazônia e muitos outros projetos.
Queremos atuar juntos na promoção da industrialização verde, a agricultura de baixo carbono e a bioeconomia.
Expliquei ao Chanceler Scholz as medidas que estamos tomando para cumprir a meta de zerar o desmatamento até 2030 e combater os ilícitos ambientais.
Este ano, reduzimos o desmatamento na Amazônia em quase 50%.
Conversamos também sobre as ameaças à democracia e ao Estado de Direito.
Concordamos em atuar juntos no enfrentamento de forças antidemocráticas que atuam de forma coordenada internacionalmente e fomentam o extremismo.
Esse é o espírito da Declaração Conjunta sobre Integridade da Informação e Combate à Desinformação.
Graças ao trabalho preparatório intenso de nossos ministros, foram firmados nesta visita outros textos nas áreas de meio ambiente, mudança do clima, agricultura, bioeconomia, energia, saúde, ciência, tecnologia e inovação.
A Alemanha é o mais tradicional parceiro do Brasil em matéria de cooperação técnica e financeira.
O BNDES e o banco de fomento alemão KfW vão estreitar ainda mais sua parceria, que já dura 60 anos.
Participaremos, ainda hoje, de seminário empresarial para discutir oportunidades abertas pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Amanhã, 5 de dezembro, será realizado, aqui em Berlim, o “Dia de Inovação do Brasil”, que vai conectar brasileiros e alemães em torno de discussões sobre startups, governo digital e inteligência artificial.
Em 2024, vamos comemorar o bicentenário da imigração alemã no Brasil, com atividades nos dois países.
Discuti com o Chanceler Scholz os esforços que estamos fazendo para concluir o Acordo entre o MERCOSUL e a União Europeia.
São quase 23 anos de esforços inconclusivos.
Na próxima quinta-feira, na Cúpula do MERCOSUL, teremos um momento decisivo nessa negociação.
Reiterei ao Chanceler a expectativa de que a União Europeia decida se tem ou não interesse na conclusão de um acordo equilibrado.
Num contexto de fragmentação geopolítica, a aproximação entre nossas regiões é central para a construção de um mundo multipolar e o fortalecimento do multilateralismo.
Tivemos, ainda, a oportunidade de fazer um balanço do segmento de alto nível da COP 28 de Dubai, do qual ambos participamos.
Reiterei o convite ao Chanceler Scholz para participar da da COP 30, que será realizada em Belém, na Amazônia brasileira, em 2025.
A Alemanha é o primeiro país do G20 que visito após assumir a presidência do grupo.
Reafirmei as prioridades da presidência brasileira em combater as desigualdades, a pobreza, a fome, a mudança do clima e discutir a reforma das estruturas da governança global.
Agradeço ao Chanceler Scholz e ao governo alemão pela excelente acolhida.
Muito obrigado