Opas: Américas têm 3,3 milhões de contaminados pelo novo coronavírus

Diário Carioca

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alerta que o novo coronavírus continua a se disseminar muito fortemente no Brasil, no Peru e no Chile. O organismo alerta para a chegada do inverno na América do Sul e para o aumento de infecções respiratórias, que podem dificultar o diagnóstico de covid-19. 

Segundo a organização internacional, quase metade de todos os casos de covid-19 no mundo está em países das Américas, que somam 3,3 milhões de infectados.

“Na América do Sul, a resposta à pandemia será dificultada pela chegada do inverno, enquanto a temporada de furacões complicará nossos trabalhos na América Central, América do Norte e Caribe. Não temos dados de que a temperatura ou a umidade repercutem na propagação da doença, mas sabemos que o inverno exacerba as infecções respiratórias, assim como a gripe e pneumonia, que podem propagar-se rapidamente em climas mais frios e ambientes fechados”, afirmou a diretora da Opas, Carissa Etienne, em entrevista à imprensa nesta terça-feira (9).

A diretora ressalta que a situação trará um maior desafio para os sistemas de saúde, já sobrecarregados com os casos de covid-19, em função do pico de outras doenças respiratórias. Além disso, Carissa Etienne alerta que as semelhanças entre os sintomas da covid-19 com os de outras infecções respiratórias pode dificultar o diagnóstico de contaminação pelo novo coronavírus.

“A vacinação preventiva para a gripe é mais importante do que nunca, em especial para grupos de alto risco como trabalhadores da saúde, pessoas idosas e com infecções crônicas”, defendeu Etienne.

Cooperação

Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da Opas, afirmou que o Brasil tem uma longa tradição de cooperação com a OMS e com a Opas e que o trabalho em conjunto seguirá sendo feito. “O Brasil tem uma grande tradição de solidariedade e de pan-americanismo, além de fazer fronteira com dez países. A organização está disposta a continuar apoiando o Brasil. Não vamos permitir que vacinas ou novos medicamentos não cheguem, porque estamos dispostos a facilitar essa chegada. A Opas esteve trabalhando nesse momento com a prioridade, a covid-19, facilitando a ajuda para a compra de dez milhões de testes para o Brasil. Capacitamos pessoal de saúde de Manaus e outras áreas, realizamos reuniões virtuais de educação e webinários. O Brasil tem o SUS (Sistema Único de Saúde), que é único, é uma joia, muito baseado na atenção primária”.

Espinal falou ainda sobre as desigualdades na América Latina, que dificultam o combate à covid-19. “É uma das regiões com maior desigualdade no mundo e também uma das mais urbanizadas. Temos cidades com Rio de Janeiro, São Paulo e Lima, que estão rodeadas por cinturões de pobreza e desigualdade. Então, o confinamento que se aplicou na Europa, em certa medida, não se pode aplicar por completo na América Latina e no Caribe. Temos países com uma grande economia informal, onde é muito difícil implantar um confinamento total”.

A Opas recomenda aos países que, se vão reabrir suas economias, devem realizar uma análise adequada, colocar sobre a mesa o estado financeiro, a situação das pessoas e fazer a abertura por etapas. “Vamos ter a covid-19 durante certo tempo e o mês de junho é um mês crítico. É esperado que América Latina sofra um grande impacto devido às características da região”, afirmou Espinal.

Para a Opas, é urgente que os países deixem de lado as diferenças políticas e ideológicas para que possam chegar a um acordo que permita preservar vidas.

Dados

Em relação às mudanças feitas na plataforma de consolidação de dados da covid-19 pelo Ministério da Saúde do Brasil, Espinal afirmou que os países podem revisar seus dados, que é uma prerrogativa de cada país, mas sugeriu que os dados sigam sendo reportados.

“Não é errado revisar os dados, porque chegam novas informações. Agora, devo esclarecer que o Brasil tem uma longa história de reportar os dados e tem um amplo sistema de vigilância que engloba muitas variáveis, tem muita informação. A revisão dos dados não é uma surpresa, mas o que nós recomendamos é que se siga informando os dados a todos os países porque isso nos permite, e permite aos próprios governos, ter uma clara visão do que está acontecendo. E permite aos formuladores de políticas planificar e priorizar os lugares mais afetados pela pandemia. Estimulamos os países a que continuem reportando os dados”, pontuou.

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca