Oposição venezuelana realiza primárias marcadas por problemas organizativos e incertezas

Diário Carioca
Candidatos falam em unidade, mas disputas internas por liderança aprofundam divisões - Federico Parra/AFP

A oposição da Venezuela realizou eleições primárias neste domingo (22) para escolher um candidato único para as eleições presidenciais de 2024. O processo, no entanto, esteve repleto de problemas organizativos e logísticos, o que deve desestimular a participação na votação.

A recusa da oposição em aceitar apoio técnico do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão responsável por organizar todas as eleições no país, acarretou em confusões relacionadas a locais de votação e colocou dúvidas sobre a logística do processo.

Além disso, não há garantias de que o pleito será acompanhado por observadores internacionais independentes, apesar do site oficial do processo afirmar que foram convidados “organizações e personalidades” venezuelanas e de outros países. Todas essas questões provocaram renúncias de membros da chamada Comissão Nacional de Primárias, o grupo responsável por organizar o evento.

Do ponto de vista político, divergências e divisões internas entre os variados partidos e tendências da direita venezuelana marcaram o período de campanha e não há sinais de que elas serão solucionadas após o resultado da consulta. Isso porque nem todos os candidatos assumiram o compromisso de apoiar o vencedor das primárias no pleito presidencial do próximo ano, indicando que poderiam lançar candidaturas concorrentes.

Outro elemento que gera ainda mais incertezas é a inabilitação administrativa que pesa contra Maria Corina Machado. Favorita nas pesquisas para vencer as primárias, a ex-deputada ultraliberal, que tenta pela segunda vez chegar à Presidência, está proibida desde 2015 de assumir qualquer cargo público e não há garantias de que seu status legal possa mudar caso ela conquiste uma vitória neste domingo.

Diante da incerteza de que Machado possa apresentar sua candidatura presidencial ao CNE, outros candidatos e partidos passaram a apostar na construção de uma “terceira via”, que possa angariar os votos opositores e esteja habilitada para concorrer nas eleições. Segundo analistas, esse movimento aprofunda o isolamento da candidatura de Maria Corina e alimenta a narrativa de sua campanha que aposta em se colocar “contra tudo e contra todos”.

Conclusão

As eleições primárias da oposição venezuelana foram marcadas por problemas organizativos e logísticos, o que deve desestimular a participação na votação. Além disso, o processo está envolto em incertezas, como a possibilidade de a candidata favorita, Maria Corina Machado, ser inabilitada para concorrer à Presidência.

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca