Opositores criticam “ódio” de presidente boliviano e exigem que ele trabalhe

Diário Carioca

La Paz, 8 nov (EFE).- Os líderes da oposição criticaram nesta segunda-feira o relatório do presidente da Bolívia, Luis Arce, sobre seu primeiro ano no cargo como um “discurso de ódio” e exigiram que o líder governe para toda a população.

Políticos como o ex-presidente boliviano Jorge ‘Tuto’ Quiroga e o governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, questionaram as constantes alusões de Arce ao governo de transição de Jeanine Áñez e a versão oficial de que em 2019 houve um “golpe de Estado” contra o então presidente Evo Morales.

“O presidente Evo passou um ano como um disco arranhado, repetindo ‘golpe de Estado’ e ‘Áñez’. O gás está acabando, as reservas do BCB (Banco Central) estão caindo, as dificuldades financeiras estão chegando, há falta de emprego e estamos sem direção”, escreveu Quiroga no Twitter.

O ex-presidente encerrou dizendo que Arce deu seu primeiro ano ao “patrão”, em referência a Evo, e que agora ele precisa “governar os próximos quatro anos para toda a Bolívia”.

Camacho publicou um longo comunicado nas redes sociais sobre a mensagem do chefe de Estado intitulada “Luis Arce e seu discurso de confronto e ódio”.

O político, que em 2019 liderou protestos em sua região contra fraudes que teriam ocorrido durante as eleições fracassadas desse ano para favorecer a reeleição de Morales, lamentou que Arce tenha perdido “a oportunidade de falar com todos os bolivianos” e se dirigiu “somente aos militantes do MAS”, o Movimento Rumo ao Socialismo, que está no poder.

A oposição indicou que, em seu discurso de mais de duas horas, Arce se dedicou a desqualificar o mandato de Áñez como se a história da Bolívia estivesse restrita apenas ao governo de transição. Além disso, questionou o “esquecimento” dos 14 anos que Morales governou e seu “lamentável legado para a Bolívia e os bolivianos”.

O opositor também considerou que os números de reativação econômica destacados pelo presidente não são o resultado de suas ações ou o início da recuperação, mas simplesmente um efeito de rebote após a depressão do ano passado.

“Seu discurso estava cheio de palavras que induzem ao confronto e ao ódio entre os bolivianos. Deixe seus complexos e radicalismo verbal e comece a trabalhar na solução dos problemas dos bolivianos, que são terminar de superar a pandemia da covid-19, reativar a economia, reduzir os níveis de pobreza e gerar emprego”, finalizou.

Arce apresentou relatório sobre seu primeiro ano de mandato nesta segunda-feira em uma sessão do parlamento nacional. O presidente atacou o governo interino, o que levou a confrontos entre legisladores que, em alguns momentos, impediram que o chefe de Estado fosse ouvido. EFE

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