Nursultan, 7 jan (EFE).- O presidente do Cazaquistão, Kasim-Yomart Tokayev, disse nesta sexta-feira que deu ordem explícita de “atirar para matar” manifestantes – se eles oferecerem resistência a agentes da lei – que têm causado graves distúrbios no país nos últimos dias, em meio a protestos que começaram contra um aumento dos preços do gás e ganharam um forte tom político.
“Dei ordem à polícia e ao Exército de atirar para matar sem aviso prévio”, disse o presidente cazaque em pronunciamento à nação, além de ressaltar que não vai dialogar “com bandidos armados e preparados, tanto locais como estrangeiros”.
Tokayev também afirmou que “terroristas continuam a danificar propriedades estatais e privadas” e “usam suas armas contra os cidadãos”.
“Do exterior, ouvimos apelos às partes para que conversem por uma solução pacífica. Que bobagem! Como você pode ter conversas com criminosos e assassinos?”, questionou.
“Os combatentes não entregaram as armas, continuam cometendo crimes ou estão se preparando para cometer novos crimes. A luta contra eles deve ser levada até o fim. Aqueles que não se renderem serão eliminados”, advertiu.
Tokayev aproveitou a ocasião para criticar os serviços de segurança do Cazaquistão, que não conseguiram prever a possibilidade da atual crise.
“É extremamente importante entender porque o Estado adormeceu e não percebeu a preparação clandestina de ataques terroristas e de células ‘adormecidas’ dos combatentes”, disse.
“Descobrimos que não temos tropas especiais, meios e equipamentos policiais especiais suficientes. Resolveremos este problema com urgência”, enfatizou.
Segundo Tokayev, as ações dos manifestantes “mostraram a existência de um plano preciso contra instalações militares, administrativas e sociais”, assim como “uma coordenação precisa de suas ações, alta prontidão militar e crueldade para com os animais”.
“Além dos combatentes, havia especialistas prontos para realizar sabotagem ideológica”, acrescentou.
O presidente do Cazaquistão elogiou a rápida resposta da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), uma aliança militar de seis ex-repúblicas soviéticas, que respondeu positivamente ao pedido dele para enviar tropas para ajudar a resolver a crise política.
“Dirijo palavras especiais de agradecimento ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ele reagiu muito rapidamente e, sobretudo, com um caloroso senso de camaradagem ao meu pedido”, declarou.
Tokayev também fez agradecimentos aos líderes de China, Uzbequistão e Turquia, assim como à ONU e a outras organizações internacionais.
Por outro lado, ele criticou o “papel instigante” da imprensa independente e de alguns políticos estrangeiros, aos quais acusou de “se sentirem acima da lei e considerarem que têm o direito de se reunir e falar sobre o que quiserem”.
“As ações irresponsáveis desses lamentáveis ativistas distraem a polícia no cumprimento de suas responsabilidades primárias. Eles são às vezes sujeitos a violência e ofensas”, acrescentou. EFE