Madri, 15 nov (EFE).- A presidente da Agência Efe, Gabriela Cañas, afirmou nesta segunda-feira que “a liberdade de imprensa deve ser garantida em todos os lugares” e que a retirada das credenciais dos jornalistas da Efe em Cuba “é uma tentativa de silenciar a agência, o que não faz sentido, porque é uma agência pública que exerce o jornalismo mais rigoroso”.
No sábado, o governo cubano retirou as credenciais de cinco jornalistas da Efe em Havana sem aviso prévio, e no domingo devolveu as de apenas dois, uma decisão que Gabriela Cañas considerou “insuficiente”.
Nesta segunda, ela manifestou confiança de que as autoridades cubanas vão restituir as credenciais de todos os jornalistas da agência para que possam continuar a realizar seu trabalho na ilha.
Cañas também mostrou gratidão pelo fato de o governo espanhol, através do Ministério das Relações Exteriores, ter apoiado a agência “desde o primeiro minuto”, assim como o Serviço Exterior da União Europeia e um grande número de organizações profissionais e cívicas.
Para a presidente da agência, não se trata apenas de um problema da Efe, já que “em Cuba não há liberdade de imprensa, como todos sabemos, inclusive está limitada na Constituição cubana”, mas é um problema específico “por causa da força que a agência tem” no país.
A Agência Efe está presente em Cuba há 40 anos, e “há muito tempo contamos as coisas boas e as ruins que lá existem, contamos a realidade”, por isso, Cañas considera que “o que é inquietante” é a repercussão de suas notícias.
“Mas nós não mudamos a realidade, nós apenas a contamos, essa é a nossa função”, reiterou.
Em resposta à acusação das autoridades cubanas de que a agência trabalha para “potências estrangeiras”, Cañas declarou que “não tem fundamento, realmente não é nada disso”.
A presidente explicou que a Efe é uma agência pública que recebe recursos do Estado espanhol e tem receitas de sua atividade comercial, portanto, “de qualquer forma seria uma acusação absurda, mas mesmo que fosse verdade, a liberdade de imprensa deveria ser garantida em todos os lugares”.
Perguntada sobre se considera o caso como uma questão de censura, Cañas respondeu que, embora ela não goste de colocar rótulos, “se há jornalistas em campo e eles não têm a possibilidade de trabalhar, está sendo censurado seu trabalho, estão sendo impedidos de trabalhar, chame como quiser”, mas o fato de poder contar apenas com duas licenças de trabalho quando deveria haver sete “é uma limitação muito grave ao trabalho jornalístico”.
Além dos cinco jornalistas cujas credenciais foram inicialmente retiradas, em agosto também foi retirado o credenciamento do coordenador de redação da Efe em Havana, e o visto de imprensa do novo chefe da delegação na capital cubana está pendente.
Cañas afirmou que trabalhar como jornalista “não é fácil e é especialmente difícil em alguns lugares, mas (em Cuba) o fazemos há muito tempo com total independência”.
Por isso, ela não entendeu a mudança de atitude do governo cubano e ressaltou que o certo é que na ilha há “uma crise econômica muito clara e uma série de manifestações e descontentamento, mas nos limitamos a relatar a realidade; não a criamos, não a geramos, não somos militantes de nada além de jornalismo livre”. EFE