Santiago, 8 out (EFE).- Cerca de 300 pessoas protestaram nesta sexta-feira, no centro de Santiago, para exigir a renúncia do presidente do Chile, Sebastián Piñera, por causa das supostas irregularidades reveladas no escândalo Pandora Papers e pelas quais ele será investigado pelo Ministério Público.
A manifestação foi convocada pela Confederação de Estudantes do Chile (Confech) e várias organizações sociais e ambientais e durou cerca de três horas na praça central da capital chilena, epicentro dos protestos sociais de 2019, até que policiais chegaram para dispersar os participantes.
O protesto transcorreu pacificamente, com os manifestantes levando muitas faixas e cartazes contra Piñera e também exigindo a libertação dos detidos durante os protestos de dois anos atrás.
“Basta de corrupção em nossa terra, estudantes dizem fora Piñera”, dizia uma das faixas, enquanto outras chamavam o presidente chileno de “ladrão”.
O Ministério Público anunciou na sexta-feira a abertura de uma investigação sobre possíveis subornos e crimes fiscais que supostamente foram cometidos por Piñera na venda de sua participação, em 2010, em um megaprojeto de mineração.
Esta transação continha uma condição de pagamento ligada a políticas ambientais e foi realizada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas logo após Piñera ter iniciado seu primeiro mandato (2010-2014).
O caso foi divulgado no último domingo no conjunto de denúncias Pandora Papers, uma publicação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).
De acordo com essa investigação, Piñera vendeu sua participação no projeto ao empresário e amigo da família presidencial Carlos Alberto Délano em uma transação de US$ 152 milhões realizada em parte no paraíso fiscal do Caribe.
O pagamento deveria ser feito em três parcelas, mas a última estava condicionada a que a área não fosse declarada ambientalmente protegida, segundo o ICIJ, algo que não aconteceu apesar de existir uma reserva natural na área com pinguins raros que poderiam ser ameaçados pela atividade mineradora.
O presidente chileno alegou que estes fatos já foram investigados pela Justiça de seu país em 2017. O caso acabou arquivado, e ele, declarado inocente. EFE
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