Paris, 5 nov (EFE).- A publicação “The Intercept Brasil” e a revista nicaraguense “Confidencial” estão entre os indicados aos prêmios de liberdade de imprensa divulgados nesta sexta-feira pela ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF).
Seis jornalistas e seis meios de comunicação social ou organizações jornalísticas de investigação compõem a lista de inscritos nas três categorias da 29ª edição do prêmio, cujos vencedores serão anunciados no próximo dia 18.
O “The Intercept Brasil” foi indicado na categoria Impacto por investigar as mensagens entre os promotores da operação Lava Jato.
Apesar das ameaças de morte recebidas pelo seu diretor, a publicação divulgou os abusos cometidos pelos responsáveis pela operação, que resultaram em condenações criminais com base em ilegalidades. Em abril, o Supremo Tribunal Federal anulou as condenações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Também nomeado nesta categoria foi o consórcio de mídia internacional que revelou o escândalo de espionagem do telefone celular – incluindo 200 jornalistas de 11 países, bem como oponentes políticos ou ativistas – utilizando o software Pegasus.
O semanário “Confidencial” está entre os quatro indicados ao Prêmio Coragem, e RSF assinala que em 20 de maio, o governo nicaraguense ordenou a busca em sua sede e, em seguida, prendeu os jornalistas que supostamente cobriam a operação.
Os agentes apreenderam servidores de computador, câmeras e gravações de televisão.
Os outros indicados são a jornalista birmanesa Kay Zon Nway, detida por quatro meses por cobrir ao vivo um protesto contra o golpe militar; a chinesa Zhang Zhan, condenada a quatro anos de prisão por cobrir a pandemia em Wuhan ao vivo através das redes sociais e atualmente está em greve de fome, e Patricia Devlin, da Irlanda do Norte, vítima de ameaças graves pela sua investigação sobre as ligações entre o crime organizado e o paramilitares.
Também foram indicados a Associação de Jornalistas de Belarus (BAJ, na sigla em inglês), que documenta a perseguição contra a mídia independente e repórteres em seu país, e o coletivo de investigação jornalística independente Bellingcat (EUA), para um estudo sobre como policiais atacaram deliberadamente jornalistas que cobriam os protestos contra o assassinato de George Floyd em 2020.
A categoria Independência tem como indicados o “Stand News” (Hong Kong) pela sua luta para manter o jornalismo independente naquela região autônoma da China após o fechamento forçado do jornal “Apple Daily” em junho passado; a palestina Madjoleen Hassona, Moussa Aksar (Níger) e Andras Arato, diretor da rádio independente húngara “Klubradio”, forçados a transmitir pela Internet após ter perdido sua licença de transmissão.
“A lista de indicados reflete os desafios enfrentados pelos jornalistas e meios de comunicação engajados em uma luta comum pela liberdade de informação”, resumiu o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, no comunicado. EFE