Putin pede ao G20 reconhecimento mútuo de vacinas e denuncia protecionismo

Diário Carioca

Roma, 30 out (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu neste sábado aos outros líderes do G20 o reconhecimento mútuo das vacinas diante da “concorrência desleal” e do “protecionismo” de alguns países.

“Gostaria de destacar o fato de que, apesar das decisões do G20, o acesso às vacinas e outros recursos vitais ainda não é possível para todos os países”, disse Putin, durante seu discurso por videoconferência na cúpula dos principais países industrializados e emergentes do mundo.

“Acredito que isso ocorra, entre outras coisas, devido à concorrência desleal, ao protecionismo e ao fato de vários países, incluindo membros do G20, não estarem dispostos a reconhecer mutuamente vacinas e certificados”, disse.

A vacina russa Sputnik V está autorizada em 70 países, mas apenas 31 permitem que os vacinados com esse medicamento entrem em seu território apenas com o certificado, ou seja, sem solicitar requisitos adicionais, de acordo com o Fundo Russo de Investimentos Diretos (FIDR) que comercializa o produto no exterior.

Além disso, a preparação russa ainda não foi aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês).

A Rússia está atualmente em negociações com as autoridades comunitárias para eventual reconhecimento mútuo dos certificados de vacinação.

Por todas essas razões, o presidente russo propôs que os ministros da Saúde dos países do G20 fossem encarregados de resolver “a questão do reconhecimento mútuo dos certificados nacionais de vacinação o mais rápido possível”.

Putin destacou que a Rússia foi o primeiro país do mundo a registrar uma vacina contra a covid-19 e que o Sputnik V “tem demonstrado sua alta eficácia”, assim como a Sputnik Light em dose única – o primeiro componente da outra vacina -, que pode servir, segundo ele, para aumentar a eficácia de outras preparações.

O presidente russo também considerou urgente que a OMS acelere o processo de autorização emergencial de novas vacinas e medicamentos, ou seja, a análise de sua qualidade, segurança e eficácia.

“Estou convencido de que quanto antes tudo isso for feito, mais fácil será retomar os negócios globais, incluindo a atividade turística mais afetada” pela pandemia do coronavírus, afirmou.

Ele também propôs aos outros líderes do G20 em “desenvolver mecanismos” para uma “atualização sistemática e rápida das vacinas, tendo em vista o fato de que o coronavírus continua sofrendo mutações”.

“A ambiciosa tarefa de combater o coronavírus exige a melhoria da qualidade e disponibilidade da assistência médica em todos os países e, como consequência, aumentar a cooperação internacional na área da saúde”, afirmou.

Putin defendeu o papel da OMS neste ponto.

“Dada a situação atual, o papel da Organização Mundial da Saúde é cada vez mais importante e suas atividades merecem, evidentemente, todo o apoio. Medidas que violariam as prerrogativas da OMS são inaceitáveis”, enfatizou.

O mandatário russo referiu-se também a outras questões atuais que o G20 vai abordar, como a crise nos mercados energéticos, incluindo a do gás na Europa.

“A estabilidade dos mercados globais de energia depende diretamente da ação responsável de todos os seus participantes, tanto produtores quanto consumidores, com base nos interesses de longo prazo de todos”, destacou.

“A Rússia defende um debate abrangente sobre esta questão de forma pragmática, orientada exclusivamente por considerações econômicas”, e não politizada, acrescentou.

Ele também pediu aos demais líderes que normalizem a política monetária e evitem o aumento da inflação global para evitar uma recuperação econômica desigual no mundo. EFE

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