Refém israelense libertada pelo Hamas diz que foi bem tratada no cativeiro e critica governo de Israel

Diário Carioca
Lifshitz, de 85 anos, passou 17 dias em cativeiro, após cruzar uma rede de túneis que parecia uma "teia de aranha" - Erik Marmor / AFP

Duas idosas israelenses foram libertadas do cativeiro do Hamas na noite de segunda-feira (23) após 17 dias de sequestro. As mulheres, Yocheved Lifshitz, de 85 anos, e Nurit Cooper, 79, foram entregues a funcionários da Cruz Vermelha em Gaza e depois transferidas para Israel.

Lifshitz concedeu entrevista coletiva do lado de fora do hospital, onde disse que foi agredida nos primeiros momentos do sequestro, mas bem tratada depois que chegou ao cativeiro.

“Passamos por um inferno que nunca imaginamos”, disse Lifshitz. “Eles (sequestradores) devastaram o kibbutz”, disse a idosa, que criticou a cerca erguida por Israel na fronteira com Gaza, acusou as Forças de Defesa de Israel de não levar a sério os sinais de que um ataque era iminente e disse que os sequestrados serviram como “bodes expiatórios”.

Segundo o New York Times, pelo menos 180 dos 400 residentes do kibbutz foram mortos ou sequestrados. Até esta segunda, cerca de 25 óbitos tinham sido confirmados pelas autoridades.

A idosa conta que foi colocada sobre uma moto, de atravessado, entre dois sequestradores, e que eles bateram nela com um pedaço de pau. A situação a machucava e dificultava sua respiração. Também retiraram seu relógio e joias.

Em seguida, foi levada à entrada de uma rede de túneis, onde sequestrados e sequestradores percorriam “quilômetros” sobre um chão molhado.

Após cerca de duas a três horas, o grupo chegou a um grande salão onde cerca de 25 outros reféns estavam reunidos. “Eles nos disseram que acreditam no Alcorão e não nos prejudicariam”, disse Lifshitz sobre os sequestradores.

No mesmo dia, ela e outros reféns foram levados para uma sala separada e atendidos por um médico e um enfermeiro. “O tratamento que recebemos foi bom”, afirmou a idosa. “Comíamos o que eles comiam”. Segundo a lembrança dela, havia uma refeição diária de pão pita, queijo e pepino.

Questionada sobre conversas com os sequestradores, ela relata que eles falavam sobre todo tipo de coisas, mas que os sequestrados se esquivavam de tecer comentários quando o assunto era política.

As idosas moravam no kibutz Nir Oz, atacado pelo Hamas no último dia 7. O kibutz foi um dos vários vilarejos a poucos quilômetros da Faixa de Gaza atacados pelo grupo terrorista no último dia 7. Sobreviventes que não foram sequestrados afirmam que cerca de um quarto dos 400 residentes do local foram assassinados.

Com informações do Washington Post, The Times of Israel e Folha de S.Paulo

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