A Rússia condenou nesta sexta-feira (20) um ataque aéreo perpetrado por Israel contra a Igreja Greco-ortodoxa de Santo Porfírio na Faixa de Gaza, matando oito pessoas e ferindo dezenas, entre cristãos e muçulmanos que buscavam abrigo no local.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“Rejeitamos categoricamente o uso indiscriminado da força; rechaçamos categoricamente ataques de qualquer lado que seja, executados contra objetos civis”, observou o porta-voz adjunto da chancelaria russa, Alexey Zaytsev, durante coletiva em Moscou.
“Naturalmente, avançamos sobre o fato de que essa questão deve ser investigada de acordo”, acrescentou.
Segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, ao menos 16 palestinos morreram no bombardeio israelense na noite de quinta-feira (19).
Para Zaytsev, avanços militares contradizem esforços para obter uma solução ao conflito israelo-palestino. Conforme seu alerta, as partes envolvidas direta ou indiretamente na escalada da crise “fazem declarações provocativas”, capazes de expandir os confrontos armados a Estados vizinhos e mesmo toda a região.
“Não acreditamos que isso contribua para melhorar a situação em campo e conquistar a paz”, declarou Zaytsev, ao criticar a presença de agentes estrangeiros na zona de conflito como catalisador de riscos de propagação da guerra.
Zaytsev reafirmou o apoio do Kremlin a uma solução política e diplomática no Oriente Médio por meio de negociações, com objetivo de se estabelecer um Estado palestino independente conforme a lei internacional.
Os Estados Unidos encaminharam dois porta-aviões e embarcações de apoio na área leste do Mar Mediterrâneo, sob pretexto de conter a guerra. O presidente americano Joe Biden, em visita a Tel Aviv, reafirmou seu apoio “incondicional” aos ataques de Israel.
A Rússia — bastante próxima do Irã, arqui-inimigo regional de Israel —, por sua vez, mantém um conflito aberto na vizinha Ucrânia, ao negar também negociações. Analistas alertam para uma política enviesada por parte de países ocidentais no que se refere à ocupação militar de Moscou e de Tel Aviv.
Israel sequer permite a formação de um corredor humanitário a Gaza e bombardeia as travessias de fronteira.
O contexto geopolítico, junto da troca de disparos entre Israel e Hezbollah — também próximo de Teerã — na fronteira libanesa, ameaça uma propagação regional e mesmo internacional da escalada em curso, afirmam observadores.
Gaza sofre bombardeios ininterruptos perpetrados por Israel desde 7 de outubro, além de uma escalada no cerco militar, em retaliação a uma operação de resistência do movimento Hamas que cruzou a fronteira e capturou soldados e colonos.
A campanha de resistência culminou de meses de violações israelenses em Jerusalém e na Cisjordânia ocupada, além de 17 anos de cerco contra Gaza.
Sob cerco, o território vive uma crise humanitária severa — sem eletricidade, água, comida, combustível ou medicamentos. Ao promover os esforços de punição coletiva, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os palestinos como “animais”.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reivindicou um “imediato cessar-fogo humanitário” para mitigar o “épico sofrimento humano” da população.
Ao menos 4.137 palestinos foram mortos até então, incluindo 1.524 crianças e mil mulheres, além de aproximadamente dez mil feridos.