Nesta quinta-feira (31), o exército russo iniciou um cessar-fogo e a abertura de uma corredor humanitário na cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia. Serão duas vias: uma que conduzirá ucranianos e estrangeiros de Mariupol a Zaporíjia, e outra à cidade de Berdiansk.
A Cruz Vermelha e a Agência de Refugiados da ONU (Acnur) irão assessorar a evacuação de civis. Segundo o chefe do Centro Nacional de Gestão e Defesa da Rússia, Mijaíl Mizíntsev, na última quarta-feira (30), já haviam sido evacuadas 20.495 pessoas "sem o apoio das autoridades ucranianas".
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Em seis semanas de guerra, cerca de 10 milhões de ucranianos tiveram que abandonar suas casas e a cifra de refugiados em outros países subiu para 4 milhões de pessoas. Deste total, cerca 614 mil foram para a Rússia.
Após a quinta rodada de negociações presenciais, que aconteceu na última terça-feira (29), na Turquia, as autoridades de Moscou se comprometeram a reduzir "drasticamente" sua presença militar no território ucraniano. Kiev, por seu lado, disse que aceita não ingressar na Otan, não desenvolver armas nucleares e tornar-se um território neutro.
Os Estados Unidos acusam a Rússia de ter retirado menos de 20% das suas tropas da Ucrânia. Além disso, a diretora de comunicação da Casa Branca, Kate Bedingfield, anunciou em coletiva de imprensa na última quarta, o envio de mais U$ 500 milhões (cerca de R$ 2,75 bilhões) em ajuda financeira ao governo ucraniano.
Desacordo sobre soldados mortos
O ministério de Defesa da Rússia diz que foram 1.351 falecidos e 3.825 feridos durante a operação militar. Já a Ucrânia estima cerca de 15.600 soldados russos que perderam a vida ou foram feridos.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov disse que há "bastante material" para entregar à comissão vinculada ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, responsável por investigar possíveis crimes de guerra na Ucrânia.
Moscou diz que os nacionalistas ucranianos usam civis como escudos e torturam presos russos capturados em combate. Já o governo ucraniano acusa a Rússia de usar armas termobáricas e outras munições proibidas por convenções internacionais.
Economia
O presidente Vladimir Putin mantém uma postura rígida em relação à cobrança das exportações de gás em rublos. O G7 publicou um comunicado se negando a pagar o combustível em moeda russa, afirmando que se trataria de uma ruptura de contrato.
Após estabelecer um acordo com a Alemanha para pagamento de gás em euros por meio do banco da estatal Gazprom, Putin disse que países “hostis” deverão pagar pelo abastecimento em rublos ou não receberão gás da Rússia a partir de 1º de abril. A lista inclui quase todos os países da União Europeia, que, apesar de aprovar um plano de diminuição da dependência energética da Rússia, ainda tem uma demanda de combustível de cerca de 40% ainda bastecida por Moscou.
O chefe de Estado ainda alertou parlamentares russos e o Banco Central do país a se acostumar às sanções, uma vez que acredita que os países ocidentais irão "buscar motivos" para impor novas medidas.
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O ex-presidente russo e membro do partido governante Rússia Unida, Dmitri Medvédev, afirmou que se aproxima "uma nova ordem financeira global" com as restrições impostas pelos Estados Unidos e União Europeia à Rússia.
Edição: Arturo Hartmann