TPI precisa investigar responsáveis por “repressão” na Venezuela, afirma AI

Diário Carioca

Caracas, 4 nov (EFE).- A diretora da Anistia Internacional (AI) na América, Erika Guevara Rosas, afirmou nesta quinta-feira que o Tribunal Penal Internacional (TPI) precisa investigar os responsáveis pelos atos de “repressão e controle” na Venezuela.

“Para ser eficaz, o TPI deve começar o mais rapidamente possível, e precisa investigar imparcialmente os maiores responsáveis pela política sistemática de repressão e controle social na Venezuela, desde pelo menos 2014, como a Missão de Determinação dos Fatos das Nações Unidas frisou nos relatórios de setembro de 2020 e setembro de 2021”, disse a AI em comunicado.

A organização insistiu para que o procurador do TPI, Karim Khan, ouça as vítimas que “ainda não viram justiça” e reconheça que a intervenção do seu gabinete é “urgente” para assegurar que “crimes contra a humanidade na Venezuela” sejam investigados com rapidez e eficácia.

Guevara Rosas declarou que, embora o princípio da complementaridade inste o procurador do TPI a solicitar às autoridades investigações independentes e imparciais, não devem ser considerados apenas os procedimentos estatais “a qualquer custo”.

“Em particular, quando os Estados não estão realmente dispostos ou não são capazes de investigar e processar crimes com base no direito internacional, incluindo os de mais alto nível ou os maiores responsáveis”, acrescentou.

A diretora também declarou que a abordagem de Khan deve assegurar que os direitos das vítimas e sobreviventes de violações dos direitos humanos no país sejam respeitados e cumpridos pelo Tribunal e na Venezuela.

“É primordial que os defensores dos direitos humanos que tenham procurado justiça perante o TPI sejam protegidos contra quaisquer represálias”, enfatizou.

Na quarta-feira, Khan anunciou que abrirá formalmente uma investigação sobre supostos crimes contra a humanidade na Venezuela, mas detalhou que até o momento “não foram identificados suspeitos ou alvos”.

O anúncio foi feito após uma visita de três dias à Venezuela pelo procurador do TPI, que falou com a imprensa ao lado do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para assinar um memorando explicando que a entidade comanda por ele “concluiu a análise preliminar da situação na Venezuela”.

“(A Procuradoria) determinou que é apropriado abrir uma investigação para estabelecer a verdade em conformidade com o Estatuto de Roma”, sublinhou.

O caso remonta a 2018, quando a Procuradoria do TPI iniciou uma investigação sobre a suposta prática de crimes contra a humanidade, pelo menos desde abril de 2017, durante manifestações e maus-tratos de opositores em algumas prisões. EFE

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