Israelenses renovaram os protestos contra a reforma judicial do governo de extrema-direita neste fim de semana, às vésperas do discurso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, segundo informações da imprensa local.
Manifestantes e líderes da oposição criticaram Netanyahu por acusá-los de “se juntar ao Irã e à OLP [Organização para Libertação da Palestina]” contra Israel. Os protestos costumam se intensificar durante viagens e encontros oficiais de Netanyahu.
Yair Lapid, ex-premiê e líder da oposição, respondeu ao alegar que são justamente as ações e os comentários de Netanyahu que favorecem os “inimigos de Israel”.
“Não há ninguém que tenha destruído mais nossa imagem no mundo do que Netanyahu nos últimos meses”, declarou Lapid conforme reportagem do jornal Times of Israel. “Nada ajuda mais os iranianos do que o golpe de Estado de seu governo”.
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Lapid insistiu que as acusações de Netanyahu contra os “patriotas” nas ruas corroboram sua “falta de juízo e compreensão da realidade”.
Benny Gantz, ex-ministro da Defesa e líder da União Nacional, afirmou que o atual premiê causa “danos tremendos” ao país e que seu discurso na Organização das Nações Unidas não poderá reparar os prejuízos.
“Os ataques de Netanyahu, ao acusar os manifestantes nos Estados Unidos de conspirarem com nossos inimigos, são gravíssimos e dignos de repúdio”, declarou Gantz.
Mesmo Avigdor Liberman, do partido de extrema-direita Yisrael Beiteinu, rechaçou o premiê por suas “mentiras descaradas”.
Enquanto Netanyahu embarcava ao exterior, milhares se reuniram em protesto no aeroporto internacional Ben Gurion.
Manifestantes em Tel Aviv deram início a uma nova noite de protestos com uma “marca pela vitória da democracia”, partindo do Salão da Independência à Alameda Rothschild. Muitos vestiram branco devido ao Ano Novo Judaico (Rosh Hashanah)
Um banner imenso em meio às ruas advertiu: “A ditadura vai cair!”.
Outros manifestantes carregavam uma cópia da chamada Declaração da Independência de Israel – proclamada por militantes sionistas no contexto da Nakba ou “catástrofe” palestina, quando foi criado o Estado sionista mediante limpeza étnica planejada.
Além do habitual protesto massivo em Tel Aviv, atos menores foram realizados em dezenas de localidades, incluindo Haifa, Rehovot, Eilat, Karkur, Kiryat Tevon e Jerusalém ocupada.
Israel é tomado por protestos de massa desde janeiro, quando o governo recém-empossado anunciou seus planos de reforma judicial. Apoiadores alertam para riscos de investimentos e relações públicas.
Os manifestantes, em grande maioria, ignoram que não há “democracia” israelense para os palestinos nativos, sob colonização, ocupação militar e regime apartheid.
Do Memo