Quito, 26 out (EFE).- Um violento confronto entre manifestantes e policiais em Quito, nas proximidades da sede da Presidência, marcou uma terça-feira de protestos sociais no Equador, que teve saldo de 37 pessoas presas e ao menos cinco feridas.
O palco do confronto na capital do país foi a histórica Praça de Santo Domingo, onde manifestantes convergiram após uma passeata de menos de dois quilômetros que havia sido convocada por sindicatos e organizações sociais.
“Em todos os lugares no Equador as manifestações foram pacíficas. Este é o único surto de violência durante todo o dia”, disse a ministra do Interior, Alexandra Vela, em uma entrevista coletiva na qual o governo fez um balanço dos protestos.
Ela acusou pelos “atos de vandalismo” um grupo que chamou de “grupo guevarista”, formado por “50 jovens vestidos de preto com mochilas verdes” que estavam no final da manifestação.
BATALHA CAMPAL.
Ao entrar na praça, segundo o ministro, esse grupo começou a provocar a polícia e a jogar pedras nos agentes, enquanto líderes sindicais discursavam.
Apesar do grande grupo de policiais da tropa de choque presente do outro lado da praça, os manifestantes conseguiram derrubar barreiras de proteção em uma das ruas de acesso à vizinha Praça Grande, onde fica a sede da Presidência do Equador.
Alguns policiais a pé responderam com uso de gás lacrimogêneo, enquanto outros a cavalo e veículos motorizados afastaram os manifestantes do centro histórico em menos de uma hora.
Enquanto isso, manifestantes arrancaram pedras de calçadas para serem usadas como armas contra os agentes, cinco dos quais foram feridos.
De acordo com a ministra Alexandra Vela, 37 pessoas foram presas ao longo do dia, algumas na manifestação e outras por bloquearem e obstruírem estradas em várias províncias do país.
Organizações de direitos humanos denunciaram alguns casos de suposto uso excessivo de força por parte de policiais – em um caso contra uma jornalista – e um de abuso sexual contra uma mulher.
MILITARES RETIDOS.
O ministro da Defesa, Luis Hernández, confirmou que dois soldados estavam retidos na região de Atahualpa, ao norte de Quito, por membros de uma comunidade.
“Os dois soldados estão bem. Eles estavam em roupas civis realizando atividades logísticas”, disse o ministro, sem revelar o status das negociações para libertá-los.
A manifestação em Quito foi o epicentro de uma série de protestos contra as reformas que o presidente do país, Guillermo Lasso, pretende realizar e contra o aumento progressivo dos preços dos combustíveis nos últimos meses.
Na última sexta-feira, em uma tentativa de conter a indignação de parte da população, o presidente equatoriano anunciou um congelamento de preços, que não convenceu nem os sindicatos, nem os grupos sociais mais afetados pela crise no país.
TRABALHE, NÃO PROTESTE.
Em mensagem divulgada em redes sociais, Lasso pediu aos cidadãos que rejeitem os protestos, considerando que eles afetam a economia.
“A paralisação representa perdas econômicas para as pequenas empresas, que são o sustento de milhares de famílias e lares equatorianos. Diga #NoAlParo (“não à paralisação”, em tradução livre), para a reativação e prosperidade de todo o país”, escreveu o governante no Twitter.
Lasso permaneceu no palácio presidencial durante todo o dia, onde realizou reuniões, disseram fontes da Secretaria de Comunicação à Agência Efe.
Desde a manhã, as forças de segurança bloqueavam os acessos à Praça Grande para evitar uma possível invasão da sede da Presidência, com dois esquemas de segurança: um externo, feito pela Polícia, e outro interno, a cargo das Forças Armadas. EFE