Artigo | Nós e a revolução bolivariana

Diário Carioca

Nesta segunda-feira (5), a República Bolivariana da Venezuela celebra 210 anos do 5 de julho de 1811, no qual o general Francisco Miranda, o libertador Simon Bolívar e outros patriotas declararam a Venezuela independente e deram o primeiro passo concreto para a formação de uma unidade latino-americana que eles chamavam “a grande Colômbia”.

Em toda a América do Sul, a Venezuela foi o primeiro país a se tornar independente, ainda que o processo dessa independência tenha custado anos até se consolidar. Também sabemos, que, como ocorreu em todos os nossos países, os movimentos de independência dos impérios europeus foram inspirados pela revolução francesa e pelo movimento de independência dos Estados Unidos da América do Norte. Em todos eles, os ideais de igualdade, fraternidade e liberdade atingiam aos brancos e não tanto aos negros e índios.

Diziam respeito aos homens e não se falava em mulheres. Os homens que tinham terras, dinheiro e nomes de nobreza eram mais iguais do que os que só possuíam seus corpos como força de trabalho. Isso torna ainda mais admirável a figura de Simon Bolívar, o libertador. Apesar de ser de família nobre e rica, desde jovem, Bolívar reuniu em torno de si pessoas de raças diversas e integrou índios e negros no Exército Libertador.  

O projeto da grande Colômbia não resistiu às lutas pelo poder por parte das elites locais de cada região, mas o ideal bolivariano ficou plantado nas terras da Venezuela como semente de uma sociedade mais justa, liberta de todos os imperialismos e que possa ser instrumento de integração da pátria grande, “Nuestra América”. 

Na última década do século XX, a partir do carisma extraordinário do comandante Hugo Chávez e da sua convocação, especialmente às classes mais oprimidas, o espírito bolivariano foi como reincorporado pelo povo venezuelano. Em dezembro de 1999, a nova Constituição tornou oficial a República Bolivariana da Venezuela. Ficou, então, cada vez mais forte a proposta de um novo socialismo latino-americano e a partir da realidade do século XXI.

Para isso, a primeira condição, seja na Venezuela, seja em todos os nossos países, é consolidar a independência política garantindo verdadeira libertação econômica e social: libertação de todos os imperialismos externos, como também as dominações internas da elite de cada país que faz tudo para se manter no poder e garantir os seus privilégios de classe. Além disso, retomar a proposta de integração continental e de consolidação de uma democracia na qual os dispositivos de participação popular completem e garantam uma verdadeira democracia. 

Desde a morte do comandante Hugo Chávez em março de 2013, o povo e o governo da Venezuela tem sido objeto de uma guerra cruel e assassina por parte do governo dos Estados Unidos da América do Norte e de seus aliados internacionais. Essa guerra se concretiza em muitos ataques de desestabilização social, em tentativas de golpes de Estado, mas, principalmente,  em um bloqueio econômico violento e injusto, assim como na produção diária de notícias falsas e de uma campanha permanente contra o governo e contra a alma bolivariana do povo.

A resistência do governo e do povo da Venezuela é heroica e é fundamental para toda a América Latina. Atualmente, os governos míopes e de direita que temos em diversos países como o Brasil, praticamente inviabilizaram os instrumentos de integração que o espírito bolivariano tinha criado, mas o poder popular vai retomar seu espaço e organismos como a UNASUR e o CELAC vão de novo iluminar a nossa pátria grande. A resistência da Revolução Bolivariana hoje só pode ser explicada pelo que dizia o presidente Chávez: “A verdadeira política só se faz com amor e pelo amor”. 

Que nós todos e todas manifestemos sempre nossa solidariedade à revolução bolivariana e ao seu governo. Viva Venezuela!!!

*Marcelo Barros é beneditino, pernambucano e de convicções inter-religiosas.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: José Eduardo Bernardes


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