Em sua primeira transmissão ao vivo nas redes sociais no segundo turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) falou em “problemas” na apuração dos votos na primeira etapa da disputa, voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal (STF), após uma decisão da ministra Cármen Lúcia, e colocou em dúvida a pesquisa Ipec divulgada nesta quarta-feira, 5, que mostrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 51% dos votos no segundo turno, contra 43% do candidato à reeleição.
Ao duvidar da confiabilidade da apuração das urnas, sem apresentar provas, Bolsonaro fez uma comparação com a disputa entre a ex-presidente Dilma Rousseff e o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014. “Tivemos apurações, alguns problemas apareceram, passei para frente esse problemas. Até o gráfico da evolução que foi feito aqui, levando-se em conta cada porcentual de voto que era computado, criou uma figura geográfica uniforme, bem típica de algoritmos, muito parecida com aquela do segundo turno de 2014”, disse o presidente.
“O Aécio Neves conseguiu maioria e aí ela foi numa paralela até o final. Cada vez que entrava um minuto de voto dava ora vitória de Aécio, ora vitória de Dilma. E assim foi, paralelo, até o final, e foi decidido o segundo turno em 2014. Agora, parece que, se tivesse mais cinco minutos aqui, mais 5%, o nosso oponente teria conseguido a eleição no primeiro turno”, emendou Bolsonaro.
O presidente também voltou a criticar os institutos de pesquisa e disse que a “palhaçada” começou de novo, ao comentar o levantamento do Ipec. No primeiro turno, Lula obteve 48,43% dos votos válidos, contra 43,20% de Bolsonaro. A pesquisa Datafolha divulgada na véspera da eleição apontava o petista com 50% e o candidato à reeleição com 36%. O levantamento do Ipec, por sua vez, mostrava o candidato do PT com 51% e o chefe do Executivo com 37%. A discrepância fez com que o presidente e seus apoiadores centrassem suas críticas às empresas.
Na live, Bolsonaro também disse que a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), “faz de tudo para eleger Lula”. O presidente ficou contrariado após a magistrada mandar a Polícia Federal definir como pretende apurar a eventual participação do chefe do Executivo no escândalo dos pastores no Ministério da Educação, revelado pelo Estadão neste ano, que contou, até mesmo, com pedido de propina em ouro. “Ela quer algo contra mim, faz de tudo para que o Lula seja presidente. Ela quer me investigar no caso do Ministério da Educação. Até o momento, não tem nada dizendo que algum prefeito recebeu algum ministro, algum recurso. Se aparecer, obviamente, comprovou paciência, vamos aí às penas”, disse o candidato à reeleição