Dezenas de nações da América Latina e Caribe se reuniram virtualmente para iniciar uma onda de solidariedade continental à concessão do Prêmio Nobel da Paz para a Brigada Henry Reeve, de médicos cubanos. Em uma conferência online, 14 nações – entre elas o Brasil – impulsionaram o movimento de coordenação da proposta no continente americano.
Campanha pelo Nobel da Paz para médicos cubanos cresce ao redor do mundo
No encontro estiveram também representantes da Venezuela, Argentina, Porto Rico, Chile, Peru, Colômbia, Equador, Uruguai, Paraguai, Honduras, México, Panamá e Cuba. A data escolhida para o encontro, 14 de junho – marca o aniversário de Che Guevara, médico argentino e uma das principais figuras da revolução cubana.
A campanha já contava com apoio oficial de mais de 20 organizações europeias. Entre elas, o Grupo de Apoio a Cuba na Irlanda, o Comitê Comunista da Catalunha, a Associação Nacional Italiana de Amizade Itália-Cuba, a Associação Valenciana de Amizade com Cuba José Martí, da Espanha, e o Comitê internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos.
Médicos cubanos vão ao Perú para contribuir no combate à covid-19
Contra a covid em todo o mundo
Formada por profissionais da saúde especializados em situação de desastres e epidemias graves, a Brigada Henry Reeve atua há 15 anos. O Grupo já esteve em países como Angola, Haiti, Chile, Paquistão, Guatemala, Bolívia, México, China, Peru. Há mais de 20 equipes da brigada em atuação contra a covid-19 no mundo todo. Quase dois mil profissionais formados em Cuba compõem esses esforços.
Solidariedade: Cuba recebe navios, envia médicos e faz remédio para coronavírus
A histórica atuação para atendimento às vítimas do ebola bola na África Ocidental em 2014 e 2015 é reconhecida mundialmente. Em 2017, a brigada recebeu o Prêmio Doutor Lee Jong-Wook 2017 de Saúde Pública, entregue pela Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo trabalho.
Cuba pede “cooperação apesar das diferenças políticas” para combater a pandemia
Além de propor reconhecimento ao trabalho, a indicação ao Nobel é uma forma de reconhecimento a um trabalho que é marginalizado por governos conservados, em especial nos Estados Unidos. No Brasil, médicos cubanos que atendiam pelo Mais Médicos tiveram que deixar o país em meio a sucessivas ofensas por parte de Jair Bolsonaro.
Furando bloqueios
Pedro Monzón, Cônsul Geral de Cuba em São Paulo explica que a intervenção estadunidense afetou a colaboração em diversos países.
“Agora, com a pandemia, no lugar de relaxar, renunciar ou eliminar essa campanha contra a cooperação médica cubana, estão a fazendo de forma mais intensa, mais forte. O governo dos EUA falou com países que solicitaram a ajuda de Cuba, para evitar que contratem ou façam convênios para a participação de médicos cubanos para o controle da pandemia. Isso é um crime.”
Bloqueio dos Estados Unidos impede entrada de ajuda humanitária em Cuba
Para que a brigada seja nomeada ao Nobel é preciso cumprir alguns requisitos formais. Grupos de apoio em diversos continentes trabalham nesse sentido. Uma das possibilidades é de que a indicação seja feita por alguém que já foi agraciado pela honraria. Ficou a cargo do escritor, escultor e arquiteto argentino, Adolfo Péreza Esquivel, fazer a nomeação. Militante pelos direitos humanos, ele recebeu o prêmio em 1980, após anos de trabalho pela cultura da não violência e em prol das vítimas das ditaduras militares da América Latina.
Idealizada pela organização francesa Cuba Linda e pelo Comitê França-Cuba, a campanha pelo Nobel para os médicos cubanos deve ser lançada oficialmente em todo o continente americano no dia 26 de julho e globalmente no dia 13 de agosto, data de nascimento de Fidel Castro.
Artigo | Brigada médica cubana regressa da Itália: Mille grazie, Cuba!
Edição: Rodrigo Chagas