A Pesquisa Datafolha de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo foi divulgada em 11 de março. O levantamento considerou a resposta de 1.090 eleitores entre os dias 7 e 8 de março. Vamos, inicialmente, aos números.
Guilherme Boulos (PSOL) tem 30%; Ricardo Nunes (MDB) aparece com 29%; Branco, nulo ou nenhum, 14%; Tabata Amaral (PSB), 8%; Marina Helena (Novo) apresenta 7%; Não sabem são 6%; Kim Kataguiri (União) com 4%; e Altino (PSTU) tem 2%.
No outro cenário, sem Kim Kataguiri, temos o seguinte: Ricardo Nunes, 30%; Guilherme Boulos com 29%; Tabata Amaral apresenta 9%; Marina Helena com 7%; Altino, 1%; Branco, nulo e nenhum com 16%; e Não sabem com 7%.
Os números para a amostra sem Kim Kataguiri e Tabata Amaral são: Boulos, 33%; Nunes aparece com 33%; Helena tem 8%; Altino com 2%; Branco, nulo ou nenhum representam 17%; e Não sabem, 7%.
Nessas três situações, com respostas induzidas, em que os nomes dos candidatos são apresentados para o eleitor/respondente, há, em todas, empate técnico entre Boulos e Nunes, isolados com cerca de 60% das intenções de votos (cerca de metade para cada um deles). Logo abaixo, no escalão intermediário, temos Tabata Amaral e Marina Helena empatadas tecnicamente e, no último escalão, Kim Kataguiri e Altino também tecnicamente empatados. No cenário sem Kataguiri, Nunes fica à frente e indica 30%, enquanto Boulos, em segundo lugar, tem 29%. Na projeção sem Kataguiri e Amaral, Boulos e Nunes apresentam empate com 33%.
Nessa rodada de pesquisa induzida, uma surpresa foi o nome de Marina Helena, do partido Novo. Para muitos, inclusive os próprios realizadores da pesquisa, há uma concreta possibilidade de que Marina Helena tenha sido confundida com Marina Silva, do partido Rede, atual ministra do Meio Ambiente e que tem recall por ter participado de três eleições presidenciais.
Já na pesquisa espontânea, na qual o eleitor/respondente indica o candidato, temos: Boulos, 14%; Nunes com 8%; Atual prefeito, 2%; Candidato do PT/Lula tem 1%; Branco, nulo e nenhum são 7%; e Não sabem são 60%. Aqui, percebe-se, nitidamente, que os únicos que são lembrados pelos eleitores são Boulos e Nunes ou, ainda, o “Atual prefeito” ou o “Candidato do PT/Lula”, com vantagem para Boulos, à frente e fora do empate técnico. Isso não é uma boa notícia para o prefeito Ricardo Nunes, mas não chega a acender a luz vermelha da campanha. O prefeito de São Paulo, que assumiu após a morte de Bruno Covas, ainda não é tão conhecido pelo paulistano e terá tempo para se apresentar ao eleitorado.
Ao que tudo indica – em que pese o distanciamento do pleito (que será em outubro) – Boulos (oposição) e Nunes (situação) estão no topo das intenções de voto. Tal fato já é entendido como a reprodução, no nível municipal, da polarização derivada da eleição de 2022, já que Boulos será o candidato apoiado por Lula e terá como vice, Marta Suplicy, que retorna ao PT, e Nunes apoiado por Bolsonaro. Com esse quadro se estabilizando nas próximas rodadas, teremos, como em 2022, enorme dificuldade da consolidação de uma “terceira via” – Tabata Amaral, Marina Helena ou Kim Kataguiri. Obviamente, é cedo para bater o martelo e uma eleição em dois turnos se desenha, ainda imprevisível, pois haverá a apresentação dos candidatos, a modulação de seus discursos, apresentação de suas propostas e realizações, além da mobilização nas ruas e nas redes sociais.
Importante, ao longo do tempo, acompanhar os números trazidos pelas novas rodadas das pesquisas e o desempenho dos candidatos na apresentação de sua visão de mundo, trajetória e suas ideias para a cidade de São Paulo.
Rodrigo Augusto Prando Professor e Pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Cientista Social, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Unesp.
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