Eleições 2022: ‘Imbrochável’ aparece entre os termos mais usados em redes no 7/9

Diário Carioca

A comemoração dos 200 anos da Independência no 7 de Setembro foi sem dúvida um dos assuntos mais falados desta semana. Apesar do inquérito aberto pelo Ministério Público Federal para evitar que os desfiles virassem ato de campanha política, várias foram as manifestações dos candidatos à presidência durante o feriado. Entre encontro com Arcebispo (Ciro), desfile cívico-militar e manifestações (Bolsonaro), visita a Centro Educacional (Simone) e falta de agenda pública (Lula), os presidenciáveis ficaram bastante visados na última quarta-feira, sobretudo o atual presidente. 

As ruas de vários estados foram tomadas por apoiadores de Bolsonaro vestidos de verde e amarelo, como sugeriu o líder do PL, principalmente no Rio, São Paulo e em Brasília. Os organizadores falam em milhões de manifestantes presentes. Já nas redes sociais, apoiadores da direita foram os que mais abordaram o 7 de Setembro no Twitter. Segundo um estudo da Vox Radar, cerca de 100 mil perfis falaram sobre a data nesta rede, sendo que 24% apresentavam apoio a Jair Bolsonaro e 20% tinham tendência de esquerda. Ainda de acordo com o monitoramento, o termo “independência” foi o mais utilizado no Twitter em relação ao 7 de Setembro, citado em mais de 27 mil posts. Já o termo “imbrochável”, usando aos gritos por Bolsonaro em discurso, esteve em 7,5 mil tweets, mais do que palavras como bicentenário, pátria, brasileiros, família e bandeira. As interações nas publicações se aproximaram de 1,5 milhão no Twitter e cerca de 3,5 milhões no Instagram.

Várias foram as críticas das pessoas, da imprensa e dos outros presidenciáveis às manifestações promovidas por Bolsonaro, sobretudo aos seus pronunciamentos. A oposição chegou, inclusive, a preparar ação jurídica contra seus atos no 7 de Setembro. As candidatas Simone Tebet e Soraya Thronicke reagiram às declarações machistas de Bolsonaro após o desfile cívico-militar em Brasília. Tebet chamou o discurso de “vergonhoso e patético!”, enquanto Soraya disse que “Bolsonaro prima pela desqualificação”. O candidato Lula, por sua vez, criticou o uso da comemoração pelo atual presidente “como instrumento de política eleitoral” e acionou o TSE, junto à sua coligação, contra a conduta de Jair Messias neste feriado. Já o partido de Ciro Gomes, PDT, apresentou ao TSE uma ação de investigação judicial eleitoral (Aije) pedindo que Bolsonaro e seu vice, Braga Netto, se tornem inelegíveis por oito anos devido às manifestações, visando impedir práticas que afetam a igualdade dos candidatos em uma eleição. Em meio a tudo isso, o atual presidente defendeu os atos e manifestações que ocorreram na última quarta-feira.

Ameaças ao STF, falas machistas e ataques à oposição marcam discurso

Foram mais 34 milhões de interações nos posts que relacionavam Bolsonaro com o feriado de 7 de Setembro no Instagram. Claramente, os atos a favor do atual presidente em todo o país foram a principal temática e seus discursos durante o feriado vêm repercutindo bastante, sobretudo negativamente. Em Brasília, Bolsonaro subiu em trio elétrico, bancado por apoiadores, estacionado na Esplanada dos Ministérios, onde minutos antes acompanhou o desfile militar e abordou assuntos bastante polêmicos, criticando inclusive alguns dos poderes e falando mal da oposição, sobretudo do ex-presidente Lula. Falas machistas foram as mais destacadas pelo público nas redes sociais, que até agora menciona o coro puxado pelo presidente: “imbrochável”, se referindo a ele próprio como referência à virilidade masculina. Em live, ele negou ser machista e atribuiu o termo “imbrochável” ao locutor do carro de som (que usou a expressão mais cedo) e fez uma espécie de metáfora com a política. A palavra dita aos gritos por Bolsonaro teve pico de pesquisas no Google, com alta às 21h do dia 7 de setembro. Após receber várias críticas da imprensa e dos presidenciáveis, inclusive com denúncias no TSE, Bolsonaro diz que não houve nada de errado nos atos e nem nas suas falas. Segundo ele, os concorrentes “ignoraram a força do povo”.

Lula critica uso do 7 de Setembro por Bolsonaro

O ex-presidente Luiz Inácio foi um dos nomes que ganhou mais repercussão no feriado da Independência, abaixo apenas de Jair Bolsonaro. Muitas foram as críticas ao atual presidente por, segundo Lula, usar o 7 de Setembro “como instrumento de política eleitoral” e aproveitou para cobrar explicações sobre os imóveis comprados com dinheiro vivo pela família Bolsonaro. Lula disse ainda que, quando foi presidente, participou de dois deste feriado (em 2006 e 2010), mas nunca usou o 7 de Setembro para fazer campanha eleitoral e falou sobre o caso no seu perfil oficial no Instagram. A coligação de Lula acionou então o TSE contra Jair Bolsonaro alegando propaganda eleitoral antecipada durante o feriado. Integrantes da equipe jurídica do PT alegam também abuso de poder econômico e político e pediram ao tribunal que proibisse Bolsonaro de usar o material produzido em “propagandas futuras, principalmente nas veiculadas na rádio e TV, como discursos, imagens do público, imagens de apoiadores presentes, entre outros”, com pena de R$ 25 mil pelo descumprimento da medida. “Megacomício” e “usurpando a data” foram termos usados por Lula para se referir aos atos de Jair Bolsonaro na quarta-feira.

Ciro descarta apoio à Lula num possível segundo turno

Na última segunda-feira (5), o candidato Ciro Gomes (PDT) foi entrevistado no programa Pânico, da Jovem Pan, e somou falas polêmicas que vêm repercutindo nas redes. Uma das mais citadas foi quando o candidato negou apoio ao ex-presidente Lula num possível segundo turno contra Bolsonaro, o que levou o público nas redes sociais a vê-lo como aliado do atual presidente. “Eu passo uma campanha inteira dizendo que o PT virou uma organização criminosa, eles me insultam, me agridem todo dia e ainda esperam que eu apoie eles no segundo turno. Sabe como é? Nunca mais, Juvenal. Ele é um encantador de serpentes, mas a mim ele não engana mais”, disse Ciro na entrevista. Foi a primeira vez que ele se posicionou claramente sobre o assunto. Durante suas falas no programa, Ciro atacou ainda a luta de pessoas negras, mulheres e também da comunidade LGBTQIA+, dizendo que pautas identitárias são “baboseiras da esquerda” e que linguagem neutra, utilizada para representar as pessoas que se identificam como não binárias, “só nos divide”. Outra temática que também reverberou na internet foi a fala de Ciro Gomes sobre a saúde de Lula: “Eu conheço o Lula há 40 anos. Nunca vi o Lula tão enfraquecido, tão debilitado psicologicamente”, se referindo ao fato de o ex-presidente não ter se defendido dos ataques de Bolsonaro sobre corrupção no debate transmitido pela Band. Vale lembrar que, na semana passada, Ciro apagou uma postagem que havia feito no Twitter também se referindo à saúde do petista: “cada dia mais fraco, fisicamente, psicologicamente e teoricamente, para enfrentar a direita sanguinária”, mas logo em seguida Ciro apagou e disse que foi “meio duro demais”.

TSE suspende propaganda que Michelle Bolsonaro é protagonista

No final de agosto, a candidata do MDB havia entrado com uma representação na justiça obrigando Jair Bolsonaro (PL) a retirar do ar uma propaganda partidária onde apenas a primeira-dama aparece. Simone Tebet alegava ser irregular, partindo do pressuposto de que, segundo as regras para propaganda eleitoral, apoiadores dos candidatos só podem aparecer em até 25% das inserções na TV, enquanto Michele aparecia em 100% da gravação. Foi então que logo no primeiro dia de setembro, o TSE acatou a solicitação de Tebet e suspendeu a exibição em que Michelle era protagonista. Ao conceder a decisão liminar, a ministra Maria Cláudia Bucchianeri afirmou que a participação de Michelle era claramente legítima, mas precisava respeitar o limite objetivo previsto na legislação e acrescentou, ainda, que a propaganda “possui potencialidade de proporcionar inequívocos benefícios ao candidato representado, agregando-lhe valores inestimáveis”. A relatora fixou uma multa de 10 mil reais ao partido de Bolsonaro caso a decisão não seja comprida. Em contraponto, a mesma ministra mandou aumentar o nome de Braga Netto, candidato a vice-presidente, na propaganda do PL, alegando ajuste de proporção, uma vez que atualmente o nome dele corresponde a 25% das exibições – abaixo do mínimo fixado na legislação, que é de 30%. Desta vez, o pedido de liminar foi feito pelo PT

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