O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na manhã desta terça-feira (27/6), que o combate às mudanças climáticas não pode ser feito sem incluir a luta contra as desigualdades sociais que atingem uma grande parte da população mundial.
A questão climática é séria, mas não é só cuidar da Amazônia, manter a floresta em pé. A questão climática tem que cuidar do esgoto a céu aberto, da qualidade da água potável, da qualidade da rua, das casas. É preciso analisar o conjunto inteiro da qualidade de vida da sociedade”. (Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República).
O presidente retomou o ponto que havia enfatizado na última sexta-feira, durante a Cúpula por um Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, durante a Conversa com o Presidente, ao lado do jornalista Marcos Uchôa. “Precisamos olhar de forma indignada este mundo desigual”, declarou.
“A gente não pode discutir separadamente só a questão climática e não a questão da desigualdade porque o clima pode ser maravilhoso, mas o cara tem que ter comida para comer, tem que ter água potável para beber, educação, qualidade de saúde. A gente precisa acabar com as desigualdades e elas são muitas”, ressaltou.
O presidente lembrou que, em sua primeira visita internacional após deixar a sede da Polícia Federal em Curitiba, em 2019, visitou o Papa Francisco no Vaticano para conversar sobre uma campanha internacional contra a fome e a desigualdade. Os planos foram interrompidos em função da pandemia da Covid-19.
“O Papa Francisco é o grande líder que temos hoje na face da Terra. Embora não seja um político militante, as falas dele são palavras de conteúdo político muito forte, como a questão da paz, do combate às desigualdades, dos cuidados aos mais pobres. Nós temos 800 milhões de pessoas que vão dormir toda noite sem ter o que comer. Isso não toca a nossa consciência?”, questionou.
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – Lula destacou a importância da realização da Conferência Mundial do Clima, a COP-30, em 2025, em Belém, capital do Pará. Para ele, a proximidade com a Amazônia vai dar aos participantes uma visão mais humana não só sobre a floresta, mas sobre como vivem os milhões de habitantes da região.
É preciso que todo mundo tenha um pouco daquilo que produz para a sociedade poder ver a distribuição ser justa para todo mundo”
“A COP-30 vamos fazer em Belém do Pará, que é um estado amazônico, um estado muito grande, com diversidade cultural, diversidade ambiental. Eu quero que as pessoas que gostam da Amazônia vejam como é, para saber que lá tem muita árvore, muita fauna, mas também tem muita gente. E a gente da Amazônia precisa melhorar de renda, ter melhores moradias, melhores empregos. É isso que é cuidar do clima: cuidar do povo junto com cuidar da natureza”, disse.
A preservação do meio ambiente, apesar de essencial, não é a única medida que precisa ser tomada, segundo o presidente. Dar melhores condições sanitárias para a população que vive na Amazônia também pode ter papel importante na luta pela preservação da maior floresta tropical do planeta.
“A questão climática é muito séria, mas não é só cuidar da Amazônia, manter a floresta em pé. A questão climática tem que cuidar do esgoto a céu aberto, da qualidade da água potável, da qualidade da rua, das casas. É preciso analisar o conjunto inteiro da qualidade de vida da sociedade para a gente poder chegar na Amazônia e mostrar que a nossa floresta, ficando em pé a gente pode melhorar e dar sustentabilidade e qualidade de vida”, destacou.
CRESCIMENTO E DISTRIBUIÇÃO – Para o presidente, vencer as desigualdades passa por convencer a sociedade de que é possível pensar em viver num mundo em que todos tenham acesso ao mínimo necessário para a sua subsistência.
“É preciso que todo mundo tenha um pouco daquilo que produz para a sociedade poder ver a distribuição ser justa para todo mundo”, afirmou o presidente, que lembrou que o tipo de sociedade com a qual ele sonha é a mesma que está prevista na Constituição Brasileira, na Bíblia e na Declaração dos Direitos Humanos