Lula cobra nova governança global e recursos para preservação em países com importantes reservas naturais

Diário Carioca
O presidente Lula durante a coletiva de imprensa em Londres. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Reforço ao protagonismo do Brasil em questões ambientais no cenário mundial, cobrança a um ajuste da ONU que espelhe melhor a geopolítica internacional e uma sequência nos diálogos com líderes mundiais em torno da paz. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com a imprensa neste sábado (6/5), em Londres, ao fim de sua viagem para a coroação do rei Charles III, e fez um resumo das tratativas com líderes mundiais na Europa. “A primeira coisa que o Rei Carlos III disse para mim é que temos que cuidar da Amazônia. Eu respondi que precisamos de ajuda.”
 

Ao discutir a preservação das florestas, precisamos discutir também uma vida digna para quem vive na região. Podemos criar uma indústria verde para, além de não poluir, gerar recursos para o desenvolvimento. É importante levar muito a sério a questão climática”

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
 

À imprensa, o presidente celebrou a conversa que teve na véspera com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que resultou no anúncio de que o Reino Unido investirá R$ 500 milhões no Fundo Amazônia.
 

Lula enfatizou a matriz energética limpa do Brasil e defendeu que o país está entre os grandes do mundo quando o assunto é meio ambiente e preservação de recursos naturais. Para ele, a questão climática passa pela implementação de fontes de energia sustentáveis e renováveis.
 

» Fotos em alta resolução (Flickr)
 

O presidente garante que o Brasil levará essa discussão aos espaços onde o país possui representação. “Isso nós vamos discutir no G20, no G7, nos Brics, em cada reunião. Porque essa é uma discussão que todos os países ricos querem conversar”, firmou.
 

Mais do que uma conversa, Lula citou a necessidade de um compromisso para que os acordos firmados nas principais conferências do clima tenham efetividade real.
 

“Se a gente deixar para que essa decisão seja cumprida a partir da decisão dos estados nacionais, ela não acontece. Porque muitas vezes os congressos não aprovam, os empresários não querem”, apontou Lula, que voltou a defender que a Cop 30 ocorra no Brasil, em Belém (PA), capital de um dos estados amazônicos.

PRESERVAÇÃO – O presidente também sublinhou a necessidade de recursos para que a preservação seja efetiva nos países que ainda têm florestas. Segundo Lula, os países ricos que se industrializaram há dois séculos precisam ajudar países periféricos a protegerem sua biodiversidade sem sacrificar as condições econômicas das populações que vivem nesses biomas.
 

“Ao discutir a preservação das florestas, precisamos discutir também uma vida digna para quem vive na região. Podemos criar uma indústria verde para, além de não poluir, gerar recursos para o desenvolvimento. É importante levar muito a sério a questão climática”, disse o presidente.
 

Lula transmitiu mais uma vez sua preocupação na construção de uma geopolítica que supere a perspectiva de quando a Organização das Nações Unidas foi formada no contexto do pós-guerra. Para ele, é necessário que haja mais representatividade de América Latina, África e Ásia. Outro ponto estratégico, segundo o presidente, é a necessidade de se repensar o poder de veto dos integrantes do Conselho de Segurança da ONU, bem como a participação de outros países nessa instância — dentre eles, o Brasil.
 

Além da cerimônia real e do encontro com o primeiro-ministro, o presidente também manteve conversas com o vice-presidente da Índia, Jagdeep Dhankhar, e com o presidente francês, Emmanuel Macron.
 

REINO UNIDO – O presidente brasileiro fez questão de registrar o potencial de retomada da relação comercial bilateral com o Reino Unido. “Chegamos a ter um fluxo de 8,6 bilhões de dólares. E agora caímos para pouco mais de 6 bilhões de dólares.”, disse o presidente.
 

Para estreitar esse relacionamento e trazer dinamismo entre Londres e Brasília, o presidente anunciou um Grupo de Trabalho de ambos países para discutir interesses em comum e pautas de negócios entre os dois mercados

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