Um dos coordenadores da campanha do ex-presidente Lula (PT) e ex-ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), está convencido de que Lula foi vitorioso no último debate presidencial. Ao Broadcast, ele citou dados de pesquisas em tempo real com grupos de indecisos e mensurações de menções positivas nas redes sociais. Em ambas, o ex-presidente Lula teria obtido mais de 50% de êxito, enquanto Bolsonaro teria ficado na casa dos 30%.
Mercadante falou a jornalistas hoje pela manhã, na saída do hotel onde a campanha de Lula dormiu, no reduto bolsonarista da Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do Rio. Para Mercadante, não só Lula melhorou de desempenho na comparação com contendas anteriores, como Bolsonaro teria chegado aos estúdios da TV Globo “visivelmente desequilibrado e sem serenidade”.
“O Lula conseguiu disputar um espaço no debate para falar sobre propostas, o que mais interessava aos eleitores. Saímos vitoriosos. Todos os levantamentos mostram isso e a repercussão na imprensa confirma. Estávamos muito motivados e fortalecidos, enquanto a campanha de Bolsonaro vinha de um desastre atrás do outro”, disse Mercadante. Aí, ele citou o episódio em que o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), um aliado de Bolsonaro, alvejou policiais federais e, por último, as denúncias de eventual desequilíbrio em inserções de rádio no Nordeste.
O episódio das rádios, disse o petista, teria “terminado de desmoralizar a campanha do presidente”, que ficou isolada no tema e na sugestão de adiar o segundo turno. “Por isso, Bolsonaro chegou ontem desequilibrado sem serenidade para fazer um debate político. Isso era visível”, continuou.
Para Mercadante, apesar da “dificuldade de debater com um candidato (Bolsonaro) que rebaixa o nível da discussão continuamente”, Lula conseguiu em alguma medida abordar assuntos de interesse da sociedade, no que citou emprego e renda, combate à fome, política externa e meio ambiente.
A campanha do PT avaliou, ainda, que Bolsonaro teria chegado ao debate pautado por Lula, abordando diretamente o tema do salário mínimo, espécie de sangria de Bolsonaro na corrida eleitoral.
Mercadante sustenta que a estratégia inicial de Bolsonaro foi dificultada, primeiro, porque o estudo do Ministério da Economia (sobre desindexação do salário mínimo) de fato existia. “E não só isso: o assessor do ministro participou de sessão pública na comissão mista de orçamento, onde defendeu que não tivesse reajuste pela inflação do salário mínimo e aposentadoria. Ele defendeu isso porque o modelo do ministro Paulo Guedes para a previdência social é o regime de capitalização. Não era a previdência pública solidária, mas o modelo chileno, que foi um fracasso no Chile, na Colômbia e em muitas partes do mundo. E para isso, era preciso quebrar o piso e a indexação. Foi o que eles perseguiram durante o governo, mas sem sucesso.”
Por outro lado, avaliou o petista, esse era justamente um ponto forte de Lula. “Nós tivemos uma política de valorização do salário mínimo porque foi um dos instrumentos de combate à fome no País, ao lado de outros programas sociais”, disse, apontando o risco que Bolsonaro aceitou de entrar em um tema confortável a Lula