No Acampamento Terra Livre, Lula fala sobre criação de ministério indígena se for eleito

Diário Carioca
                   Em peregrinação política pela capital federal nesta terça-feira (12), o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou que, em caso de retorno à Presidência da República, pode criar um ministério para tratar especificamente da pauta indígena. Ele esteve no Acampamento Terra Livre (ATL) 2022, onde milhares de indígenas se reúnem para discutir os temas que mais preocupam o segmento.
“Agora vocês me deram uma ideia. Se a gente criou o Ministério da Igualdade Racial, o dos Direitos Humanos, se a gente criou o Ministério da Pesca, por que a gente não pode criar um ministério pra discutir as questões indígenas?”, disse o petista, levando a plateia a um verdadeiro frisson.
Em cerca de 18 minutos de discurso, Lula apontou uma série de preocupações com o desmonte na gestão Bolsonaro e levantou pontos que podem receber atenção especial em um eventual novo governo petista.


Lula ao lado da liderança indígena Kerexu, pré-candidata a deputada federal por Santa Catarina / Mídia Ninja

O ex-presidente mencionou, por exemplo, o avanço de latifundiários sobre áreas tradicionais. "Nenhum fazendeiro tem o direito de invadir o espaço indígena neste país. Este país tem muita terra [para explorar], sem que seja necessário ofender nossas reserva florestais", bradou.


Durante passagem pelo ATL, Lula ouviu discursos de lideranças indígenas que irão se candidatar este ano e também da atual deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), à direita na foto / Mídia Ninja

Antes disso, o presidente de honra do PT ouviu lideranças indígenas que se revezaram no palco do evento para destacar as prioridades da agenda das comunidades tradicionais. Também foi cobrado para que haja um “revogaço” assim que retornar ao cargo de chefe do Executivo, caso esse seja o resultado das urnas em outubro.


Multidão de indígenas e não indígenas se reuniu no ATL para acompanhar a visita de Lula / Alass Derivas/Apib

"Precisamos retomar toda uma política que foi construída no seu governo e que hoje foi sucateada pelo governo Bolsonaro", destacou o indígena Aluizio Donizete. Ele citou como pontos de preocupação o desmantelamento de escolas indígenas pelo país e a desidratação da máquina administrativa da Fundação Nacional do Índio (Funai), hoje controlada por militares e outros atores políticos conservadores.
“Eu queria assumir um compromisso com vocês: primeiro, eu estou disposto a voltar a governar este país 12 anos depois que deixei a presidência. Em 12 anos, a gente aprende muito. Em 12 anos, a gente sabe o que fez, o que não fez e a gente sabe o que a gente poderia ter feito”, disse Lula.
"Eu vou voltar mais calmo. Vou voltar com mais experiência. Quero que vocês saibam que só existe um motivo pra voltar: é pra fazer mais e melhor". “Queremos que daqui pra frente seja um governo humanista, que trate as pessoas com amor, com carinho. Nós não queremos invasão em terra indígena. Qualquer coisa que a gente for fazer, a gente tem que discutir”, complementou.
Agenda
O ex-presidente está em agenda em Brasília para definir acertos políticos que podem levar a um maior arco de alianças para a chapa presidencial do PT em outubro deste ano. Entre outros compromissos, Lula tem se reunido com parlamentares e líderes partidários, bem como lideranças populares do campo progressista.
            Edição: Felipe Mendes


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