Depois da prisão da bolsonarista de extrema direita Sara Winter ontem (15) e outras cinco pessoas, o inquérito que apura as manifestações antidemocráticas teve mais uma ação na manhã desta terça-feira. A Polícia Federal (PF) cumpriu 21 mandados de busca e apreensão contra aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
As ordens são do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação foi aberta a partir de pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, em razão de protestos contra o Congresso e o próprio STF em 19 de abril. O objetivo da investigação é descobrir a origem de recursos e a estrutura de financiamento de grupos suspeitos de promoverem estas manifestações.
Agentes foram mobilizados em cinco estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina – e no Distrito Federal para cumprir a operação.
Entre os alvos estão apoiadores emblemáticos de Bolsonaro, dirigentes da sigla que o mandatário tenta fundar, o Aliança pelo Brasil, blogueiros e youtubers de extrema direita.
O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, do site Terça Livre, disseram pelas redes sociais que policiais federais estiveram em suas casas na manhã desta terça-feira (16).
“Polícia Federal em meu apartamento. Estou de fato incomodando algumas esferas do velho poder”, postou o parlamentar postou no Twitter.
O blogueiro Santos, que já foi alvo de busca e apreensão no inquérito que apura as fake news contra o Supremo, disse que a PF estava novamente na sede do site, sua residência.
Também estão na lista de mandados da PF cumpridos nesta terça (16) Alberto Junior da Silva, conhecido como Beto Louco, da Rádio Onda Poços, de Minas Gerais, a jornalista Camila Abdo, de São Paulo, o advogado Luís Felipe Belmonte, um dos responsáveis pela montagem da Aliança pelo Brasil, e o marqueteiro Sérgio Lima, também do partido de Bolsonaro.
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Inquérito das fake news
O inquérito que investiga as manifestações antidemocráticas está relacionado com outro inquérito em curso no STF, que apura a produção e disseminação de notícias falsas, conhecido como inquérito das fake news. Eventuais informações e provas obtidas pela Polícia Federal também poderão ser utilizadas nesse caso.
Este processo foi alvo de pedido de suspensão pelo Procurador-Geral da República com base no pedido do partido Rede Sustentabilidade, que questiona a abertura do inquérito pelo STF.
A medida esta sob relatoria do ministro Edson Facchin, único a votar sobre a suspensão por enquanto, e deve voltar para plenário nesta quarta-feira (17) às 9h30, conforme convocação de sessão extraordinária do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, divulgada no site do órgão.
O texto informa que, para Facchin, “a instauração do inquérito se justifica em razão de atos de incitamento ao fechamento do STF, de ameaça de morte ou de prisão de seus membros e de apregoada desobediência a decisões judiciais. O ministro classificou como ‘inadmissíveis’, no Estado Democrático de Direito, a defesa da ditadura, do fechamento do Congresso Nacional ou do Supremo”, informa o site do STF.
Se necessário, o julgamento prosseguirá na sessão plenária ordinária da tarde, com início às 14h. As sessões plenárias do STF estão sendo realizadas por meio do sistema de videoconferência em razão da pandemia do novo coronavírus e são transmitidas ao vivo pela TV Justiça, pela Rádio Justiça e pelo canal da Corte no YouTube.
Edição: Leandro Melito