O pior nível de contágio pelo novo coronavírus no Brasil ainda está por vir, declarou nesta segunda-feira (1º) o diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan.
De acordo com ele, o descontrole de transmissão da covid-19 no país o coloca entre os líderes em aumento de casos diários, o que torna impossível prever quando a situação atingirá seu pior momento.
“Claramente a situação em alguns países sul-americanos está longe da estabilidade. Houve um crescimento rápido dos casos e os sistemas de saúde estão sob pressão”, declarou Ryan.
Em números absolutos, o Brasil é o segundo país com mais casos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos – 514.849 casos oficializados pelo governo brasileiro contra 1.797.457 pelo estadunidense, até os últimos balanços divulgados.
::Líderes em casos de covid têm governos conservadores ou demoraram a adotar isolamento::
O diretor ressaltou a ausência de abordagem científica relacionada à desigualdade e densidade urbana para explicar o descontrole em países como o Brasil. Outra vez, ele reforçou a necessidade de aliar decisões de desconfinamento a um programa de testagem eficaz, o que não ocorre por aqui.
“Houve respostas diferentes entre os países, e há bons exemplos de governos que adotaram abordagens científicas, enquanto em outros países vemos uma ausência ou uma fraqueza nisso”, disse Ryan.
Médicos brasileiros concordam
A grande maioria de médicos brasileiros (84,5%) considera, também, que a pior do coronavírus ainda não chegou no Brasil, conforme pesquisa da Associação Paulista de Medicina (APM) divulgada nesta segunda-feira. O questionário foi aplicado a 2.808 profissionais de redes públicas e privadas, entre os dias 15 e 25 de maio.
Além disso, quase todos os entrevistados (96,6%) disseram acreditar que vai faltar profissionais para cuidar dos doentes por coronavírus no país. Entre eles, quase metade (46%) relatou que já falta mão de obra nas unidades em que atuam.
Edição: Rodrigo Chagas